Aqui voces encontrarão muitas figuras construídas em Fireworks, Flash MX, Swift 3D e outros aplicativos. Encontrarão, também, muitas crônicas de jornais diários, como as do Veríssimo, Martha Medeiros, Paulo Coelho, e de revistas semanais, como as da Veja, Isto É e Época. Espero que ele seja útil a você de alguma maneira, pois esta é uma das razões fundamentais dele existir.
domingo, 21 de setembro de 2008
21 de setembro de 2008
N° 15733 - VERISSIMO
Sem tirar nem pôr
-É. você, sem tirar nem pôr.
Nas primeiras vezes em que ouviu a frase, Carlos Henrique achou engraçado. A semelhança era fantástica, diziam todos.
– Cara de um, focinho do outro. – Tem certeza que você não tem um irmão gêmeo?
– É você, sem tirar nem pôr.
Carlos Henrique só começou a se preocupar com o sósia quando alguém perguntou:
– Não cumprimenta mais os amigos?
– Por quê?
– Ontem. Você passou por mim como se não me conhecesse.
– Não era eu!
– Era o sósia. O sósia ainda poderia lhe causar problemas.
– Tava bom o sorvete? – Que sorvete?
– Vi você comendo um sorvete, ontem, no xópi.
– Ontem eu não estive nem perto do xópi.
– Era você, sem tirar nem pôr!
O problema não era ter um sósia. O problema era o que o sósia poderia aprontar. O problema era Maura, ciumentíssima mulher do Carlos Henrique. E se alguém contasse para a Maura que o vira, não comendo um sorvete no xópi mas abraçado com outra mulher?
Pensou em contar à Maura que andava alguém na cidade com a sua cara.
Que era ele sem tirar nem pôr. Mas não. Poderia parecer que estava inventando o sósia, para ter uma explicação pronta em caso de flagrante. Uma espécie de habeas corpus preventivo. Melhor era não contar. Mas ficar alerta. Ficar extremamente alerta para o pior.
E o pior aconteceu. Um dia, Carlos Henrique mal chegou em casa e foi confrontado com uma revista aberta na reportagem da festa de um milionário chamado Toninho.
Na sua despedida de solteiro, Toninho reunira amigos e amigas na sua ilha, e numa das muitas fotos que ilustravam a reportagem aparecia o Carlos Henrique, de bermudão, entre duas mulheres de biquíni. Carlos Henrique tinha um braço em torno da cintura da loira à sua direita e com a outra mão levantava um brinde ao leitor. Maura só queria saber uma coisa:
– Quem é ela? (apontando para a loira). – Maura...
– Não precisa dizer mais nada. Só quero saber quem é ela.
– Maura, esse não sou eu. – Ora, faça-me o favor!
– Maura, veja onde é essa festa. Em Angra dos Reis. Eu nunca estive em Angra dos Reis. Não conheço nenhum Toninho. Não estive longe de você por um dia nestes últimos anos, ainda mais em Angra dos Reis. E veja o que diz na legenda da foto, Maura.
Na legenda dizia “Oscarzinho Leitão, 38, muito bem acompanhado, nos brinda com seu gin-tônica”.
Maura concedeu: era um sósia. Tinha outro nome e outra idade. Além de tudo, Carlos Henrique não gostava de gin-tônica. Mas que era ele sem tirar nem pôr, era.
A reportagem faz sucesso entre os amigos de Carlos Henrique e Maura, e a própria Maura é quem mais ri. Mas de vez em quando Carlos Henrique a pega examinando a fotografia, e no outro dia ouviu ela murmurar:
– Sei não, sei não...
– Maura, pense bem. Eu não poderia estar em Angra dos Reis com um pseudônimo e ao seu lado ao mesmo tempo. Eu não tenho o dom da ubiqüidade.
Mas Maura ainda não está totalmente convencida. – Dos homens pode-se esperar de tudo – diz.
Assinar:
Postar comentários (Atom)
Nenhum comentário:
Postar um comentário