terça-feira, 23 de setembro de 2008


Jaime Cimenti - jcimenti@zaz.com.br - 19/9/2008

A poesia de Paris que encanta os visitantes

Paris não acaba nunca, da psicanalista e escritora carioca Betty Milan, muito mais do que um simples guia de viagem, é uma declaração de amor à Cidade Luz e uma descrição altamente poética de uma das metrópoles que segue, século após século, como uma das mais importantes e visitadas do mundo.

A obra foi lançada no mercado brasileiro em 1979 e, devido ao seu valor e repercussão, teve traduções para o chinês, inglês e francês.

As trinta crônicas do livro foram publicadas semanalmente em jornal, sob o mesmo título do livro e, embora independentes, foram concebidas para o todo que forma a coletânea ora reeditada, em quinta edição revista.

Os textos iniciais tratam da Paris de artistas e escritores como Hemingway, Joyce e Fitzgerald. Nas crônicas posteriores, a capital francesa focalizada é a de qualquer morador: a Paris dos bares, dos restaurantes, das lojas, mercados, jardins e casas.

Betty, romancista e dramaturga, descreve os subterrâneos da cidade, suas catacumbas, o metrô e os cemitérios. Nos textos finais, fala da Paris vista de cima e diz que o maior espetáculo é a visão a partir do alto da Notre-Dame, ao qual o visitante tem acesso através de 238 degraus.

A autora dedicou a obra aos que sabem errar, caminhar sem rumo e aos que adoram passear sem agenda, buscando surpresas e olhares novos.

Anda pelas margens do Sena, que segundo ela, faz Paris ser o que é. Fala do desabrochar da primavera e das árvores amarelo-ocre do outono e de como é bom sentar nas praças, nos bares e nos parques para degustar um bordeaux ou um beaujolais.

Os textos se iniciam com minúsculas e não têm ponto final. O tempo todo convidam o leitor a se perder nas ruas de Paris, para então encontrar suas faces mais simpáticas e verdadeiras.

Cada passo pelos quarteirões pode trazer uma surpresa boa e mostrar que a pressa é contrária ao prazer, que o tempo é nosso maior tesouro e que o passado ilumina o presente.

Paris não vive sem a trova e o trovador. Paris é uma cidade que a beleza elegeu para si, onde o olhar é fundamental.

Paris é uma cidade literária e que inspira a liberdade de falar, onde os artistas são originais ou não são e onde devem saber se perder e, claro, onde Manet é eternamente moderno.

Betty Milan escreveu sobre Henry Miller, dos bares como extensões das casas e de como se deve contemplar e conhecer a Place des Vosges. Enfim, Hemingway descreveu a sua Paris, especialmente dos anos 1920, quando era jovem e lá aprendeu a ser escritor. Betty fala de suas sensações.

Os leitores certamente vão imaginar e conhecer outra Paris, movidos pelos textos poéticos, soltos e inspiradores de Paris não acaba nunca, que, ao final, tem 41 notas sobre celebridades, obras e locais de interesse. 160 páginas, Editora Record, telefone 21-2585-2000.

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