segunda-feira, 22 de setembro de 2008



22 de setembro de 2008
N° 15734 - KLEDIR RAMIL


O jogo de Xatrez

Inspirado em minhas recentes criações de novos esportes, desenvolvi um jogo de xadrez com três exércitos diferentes: os brancos, os pretos e os vermelhos.

Como no caso do futribol, o tabuleiro também foi projetado em Y, de maneira que cada jogador fica posicionado a 120 graus de seus desafiantes.

Na parte central do tabuleiro, haverá uma zona em forma de triângulo eqüilátero, que eu chamei de área de turbulência, onde deverão acontecer as principais batalhas. Se você preferir pode chamar de Triângulo das Bermudas, pois não há garantia de que as peças consigam chegar ao outro lado.

O tabuleiro, até então formado apenas pela monotonia bipolar de quadrados rigorosamente iguais, ganhará novas figuras geométricas, como trapézios, losângulos e assemelhados. Um mosaico de quadriláteros que deixará o jogo mais confuso, mas criará um mandala com efeito visual de rara beleza.

Contratei meu amigo Mequinho, grande Mestre Internacional, para uma assessoria técnica do novo jogo e ele está há quatro meses em meditação profunda, de onde espero que volte com boas sugestões.

Por causa do novo desenho do tabuleiro, a movimentação das peças no triângulo central terá que sofrer alterações. A torre, que anda sempre em linha reta, deverá movimentar-se de forma oblíqua.

Ao contrário, o bispo, que como todos sabem só anda por linhas tortas, precisará ter uma conduta reta quando avançar sobre os inimigos.

Os peões andarão em círculos na zona de turbulência e nos tradicionais espaços quadrados caminharão, como sempre, com seus passinhos de gueixa.

A Rainha terá movimentação livre, numa alusão às conquistas das liberdades femininas. É uma pequena homenagem às mulheres, já que ninguém mais consegue controlá-las mesmo.

O Rei, coitado, eu sugiro que nem saia do lugar, mas isso vai depender da meditação do Mequinho. Os cavalos que andam em L, poderão fazer movimentos em forma de W.

Se o cara já precisava ser um gênio pra jogar xadrez, imagine com tanta novidade. Esse jogo terá uma importância capital no futuro para o desenvolvimento de... Bem, como dizia Millôr Fernandes parafraseando Bernard Shaw, “jogar xadrez desenvolve muito a capacidade de jogar xadrez”.

Minha empregada me interrompeu para dizer que “ligou um tal de Seu Mequim” e deixou a seguinte mensagem: “para não andar em círculos é preciso sair desse plano”. Vou parar para meditar um pouco, depois eu volto.

(continua)

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