ELIANE
CANTANHÊDE
Marta
BRASÍLIA
- Linda, rica, inteligente, cheia de sobrenomes próprios e adquiridos, Marta
Suplicy emprestou por 30 anos esse pacote paulistano quatrocentão para ajudar a
edificar o PT e a ascensão de Lula.
Mas,
se Marta sempre gostou de Lula e foi fiel a ele, não se pode dizer que a recíproca
seja totalmente verdadeira. Lula nunca morreu de amores por esta mulher tão
poderosa, cheia de si, que empurrou para o Turismo no seu governo.
Essa
diferença explodiu na eleição para a Prefeitura de São Paulo. Com 29% a 30% em
setembro, Marta liderava todas as pesquisas, em todos os segmentos, mas Lula
estava inebriado com a vitória de sua criatura Dilma e decidiu que era hora do "novo"
também na principal capital do país.
Marta
tinha um trabalho bem avaliado na periferia quando prefeita e acabara de se
eleger para o Senado. Haddad nunca tinha sido candidato a nada, andava enrolado
com os erros do Enem e era capaz, como foi, de confundir Itaim Bibi com Itaim
Paulista. Estava com 2% (hoje, tem 3%).
Lula
não quis saber de conversa. Tirou a "companheira Marta" da frente,
impôs Haddad goela abaixo da direção do PT, cooptou todo o grupo "martista".
O rei sou eu.
Ok. Lula
tem instinto e Haddad é, de fato, um bom produto eleitoral, mas dá para Marta
ficar feliz com o processo, com o jeito, com a imposição? Ponha-se no lugar
dela. Não dá.
Criado
o problema, os líderes petistas voltaram-se contra Marta. Avaliam que, se ela
vier com Haddad, ajuda muito; se não, não atrapalha tanto quanto pensa. Até porque,
com ou sem Marta, o PT tem o seu capital eleitoral consolidado e Lula cobre, de
sobra, a força dela na periferia.
Conclusão:
o PT vai usar e abusar da gestão Marta como vitrine, mas sem Marta. E ainda tripudia:
ela não tem para onde correr. Primeiro, porque é inimiga quase pessoal de Serra
e Kassab e, segundo, porque todo mundo que saiu do PT se deu mal.
Lula
isolou Marta Suplicy.
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