03
de março de 2015 | N° 18090
ARTIGOS-
CLAUDIA BARROS*
MAIS ESCOLAS OU MAIS PRESÍDIOS?
Todos
buscam conviver em uma sociedade com índices toleráveis de criminalidade e
altos níveis de educação. Mas se você pudesse fazer algo para diminuir a violência,
por onde começaria? Alguns começariam por construir mais presídios, endurecer
as penas e reduzir a maioridade penal. Vale lembrar que a maioria dos jovens em
conflito com a lei teve seus direitos fundamentais violados por ação ou omissão
dos próprios pais ou do Estado.
Para
cada criança em situação de rua ou marginalizada há uma família desintegrada,
falta de emprego, saúde, educação e de moradia digna. Essas carências os
colocam em situação de vulnerabilidade, fazendo com que, desde cedo entrem em
contato com o delito, seja como infratores, seja como vítimas do tráfico, da
exploração sexual, do trabalho infantil e da violência doméstica. Tais situações
são absolutamente negativas para a estrutura psicológica de meninos e meninas
que encontram no delito uma forma de inserção social e sobrevivência.
Para
acabar com esse ciclo, a ciência aponta as políticas sociais com foco na
primeira infância. A relação entre as políticas públicas e a arquitetura do cérebro
fica clara quando vemos como o contexto sociofamiliar afeta o desenvolvimento
da criança. Aquela que cresce em um ambiente saudável vai ter mais
oportunidades de aprendizado e estará mais apta a superar as dificuldades. Porém,
a fome e as violências enfrentadas logo no início da vida podem interromper o
desenvolvimento saudável do cérebro. É nesse ponto que devem incidir as políticas
sociais básicas.
Aumentar
os níveis de educação e saúde gera efeitos positivos como a inclusão social,
aumento da renda e redução da criminalidade. Políticas públicas efetivas têm
impacto positivo sobre as comunidades. Priorizar o acesso à educação infantil (creche
e pré-escola) garantirá que pais e mães possam trabalhar, gerar renda,
consumir, movimentar a economia e, por fim, afastar os filhos do contato com o
delito, reduzindo índices de violência e criminalidade. É preciso construir
mais escolas e menos presídios. Somente com forte investimento em políticas
sociais básicas, como saúde e educação prioritária na primeira infância, é que
poderemos fazer deste o país sonhado por todos.
*Defensora
pública do RS
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