sexta-feira, 15 de agosto de 2014

Jaime Cimenti

Revisando a História do Brasil

Há quem diga, brincando ou não, que história é uma coisa que não aconteceu, contada por alguém que não estava lá. Muitos ainda estão dominados pela história oficial dos velhos livros de colégio, com versões, quase sempre, dos vencedores. Algumas obras, no Brasil, tomam a “pequena história” por base e dão aos leitores versões por vezes leves e bem-humoradas de fatos e personagens, com linguagem moderna ou moderninha.

Como escrever a História do Brasil: miséria e grandeza (Editora Sulina, 620 páginas, R$ 60,00) do diplomata aposentado e escritor gaúcho Fernando Cacciatore de Garcia, nascido em Porto Alegre em 1944, autor de Fronteira Iluminada-História do povoamento, conquista e limites do Rio Grande do Sul a partir do Tratado de Tordesilhas (Editora Sulina, 2010), em síntese, busca ler de modo diverso a história brasileira e rever vários “mitos e vezos” de nossa historiografia.

No alentado volume, o autor traz conceitos novos sobre lusofilia, a identificação com o opressor, a ativíssima Inquisição entre nós, a ideologia do fracasso, os mitos da influência dos degredados, o do fracasso das capitanias hereditárias, os em torno de D. João VI, a ausência do índio, do negro, dos miseráveis, dos cristãos novos e dos imigrantes como agentes históricos importantes.

Segundo o autor, a obra é um esforço para entender a nossa “história oficial” numa visão revisionista, montada em perspectiva muito ampla e original de nosso passado, presente e futuro, com vistas a melhorar nossa autoestima e buscar um futuro melhor para os brasileiros e para o Brasil.

No capítulo final, Fernando Cacciatore de Garcia aborda os protestos de rua de junho de 2013, nossas tradições democráticas e liberais que vêm desde os tempos do Império, aspectos do período da ditadura militar e outros e conclui se perguntando se nosso Brasil será um país protagonista, uma potência mundial emergente ou um ator global nuclearmente desarmado, cordial, pacífico e pacificador, tolerante e hedonista, mas socialmente injusto e violento internamente?

Num momento de eleições em nosso País e nesta hora em que precisamos analisar bem o passado para projetar o futuro, Como escrever a História do Brasil é uma contribuição importante para o debate e certamente vai inspirar alunos, professores e o público em geral a repensar a pátria.


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