Jaime Cimenti
Revisando a História do
Brasil
Há
quem diga, brincando ou não, que história é uma coisa que não aconteceu,
contada por alguém que não estava lá. Muitos ainda estão dominados pela
história oficial dos velhos livros de colégio, com versões, quase sempre, dos
vencedores. Algumas obras, no Brasil, tomam a “pequena história” por base e dão
aos leitores versões por vezes leves e bem-humoradas de fatos e personagens,
com linguagem moderna ou moderninha.
Como
escrever a História do Brasil: miséria e grandeza (Editora Sulina, 620 páginas,
R$ 60,00) do diplomata aposentado e escritor gaúcho Fernando Cacciatore de
Garcia, nascido em Porto Alegre em 1944, autor de Fronteira Iluminada-História
do povoamento, conquista e limites do Rio Grande do Sul a partir do Tratado de
Tordesilhas (Editora Sulina, 2010), em síntese, busca ler de modo diverso a
história brasileira e rever vários “mitos e vezos” de nossa historiografia.
No
alentado volume, o autor traz conceitos novos sobre lusofilia, a identificação
com o opressor, a ativíssima Inquisição entre nós, a ideologia do fracasso, os
mitos da influência dos degredados, o do fracasso das capitanias hereditárias,
os em torno de D. João VI, a ausência do índio, do negro, dos miseráveis, dos
cristãos novos e dos imigrantes como agentes históricos importantes.
Segundo
o autor, a obra é um esforço para entender a nossa “história oficial” numa
visão revisionista, montada em perspectiva muito ampla e original de nosso
passado, presente e futuro, com vistas a melhorar nossa autoestima e buscar um
futuro melhor para os brasileiros e para o Brasil.
No
capítulo final, Fernando Cacciatore de Garcia aborda os protestos de rua de
junho de 2013, nossas tradições democráticas e liberais que vêm desde os tempos
do Império, aspectos do período da ditadura militar e outros e conclui se
perguntando se nosso Brasil será um país protagonista, uma potência mundial
emergente ou um ator global nuclearmente desarmado, cordial, pacífico e
pacificador, tolerante e hedonista, mas socialmente injusto e violento
internamente?
Num
momento de eleições em nosso País e nesta hora em que precisamos analisar bem o
passado para projetar o futuro, Como escrever a História do Brasil é uma
contribuição importante para o debate e certamente vai inspirar alunos,
professores e o público em geral a repensar a pátria.
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