sexta-feira, 22 de agosto de 2014

Jaime Cimenti

Dois mundos unidos por um assassino

O romance Safári (182 páginas, Rocco), do jornalista e escritor porto-alegrense Luís Dill, marca sua estreia na conceituada Editora Rocco, casa que há décadas publica ficção de qualidade. Dill tem mais de 40 livros publicados, e muitas premiações literárias em seu currículo. Nesta narrativa, com muitos diálogos vivos, ações e peripécias, o escritor dá mostras de sua maturidade estilística e domínio de conteúdo. Dill envolve o leitor numa trama de suspense que só se desfaz no final.

O atirador desta história tem como alvo traficantes, vagabundos, criminosos, meliantes e outros tipos. É a fauna perfeita para ele, um predador. Todo safári tem um lugar para observação da vida selvagem. No livro, não é diferente. As “feras” estão escondidas nas ruas em zigue-zague e nas moradias irregulares da Vila da Fumaça, uma comunidade pobre onde funciona um forte ponto de drogas.

A África imaginária fica na frente do Edifício Excelsior, uma caixa de concreto de seis andares, que abriga o escritório de advocacia Sándor&Associados. Lá, por trás do ambiente limpo e iluminado, outra fauna circula em meio a mistérios: advogados criminalistas que acreditam no perdão dos culpados pelos mais rumorosos casos da cidade.

Arnaldo Sándor, sócio majoritário; Delvecchio, o cadeirante irônico; a bela e sensual Hortênsia; e o charmoso, mas dissimulado Murilo Marques, noivo de Francisca Sándor; não são o que parecem e estão cheios de segredos. São relações estranhas.

Os dois mundos que parecem separados para sempre acabam se juntando por conta de uma série de crimes bárbaros. Balas de grosso calibre, tiros de longa distância, alta precisão e um animal terreste abatem pessoas como se elas fossem animais integrantes de um safári. Depois do fogo cruzado, o leitor descobrirá, no final, a identidade do ousado caçador. Com habilidade, Luís Dill alterna o cenário dos crimes em série com as reminiscências do assassino. O leitor vai se esgueirando pelas vielas da Vila e pelos corredores do escritório de advocacia.


Um inofensivo animal perde a vida em decorrência de um erro do matador e aí os alvos descobrem quem os persegue e a polícia chega muito próximo da verdade. Como se vê, Dill oferece aos leitores brasileiros ficção bem elaborada e com ingredientes bem brasileiros.

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