18
de agosto de 2014 | N° 17894
L. F.
VERISSIMO
Uma ideia
Os
americanos são supersticiosos, mas também são práticos. Treze é um número de
azar em todo o mundo, mas só nos Estados Unidos fizeram algo a respeito: para
anular os efeitos do número maldito, os prédios lá construídos – pelo menos os
construídos até bem pouco tempo – não têm o 13º andar. No painel dos
elevadores, a numeração pula do 12 para o 14. É claro que o 14 é o 13 que não
ousa dizer seu nome, e mesmo com pseudônimo continua a ser o 13. Não interessa.
Num hotel americano, por exemplo, você jamais ficará num andar azarento.
Dizem
que não foi só a superstição que motivou a medida irracional. No começo da era
dos arranha-céus, tinha muita gente se hospedando no 13º andar para se jogar
pela janela. Resolveram a questão eliminando o andar – e a tentação. Os
suicidas, aparentemente, não achavam muita graça em se atirar de um 14º, ainda
mais um falso 14º. Resolvido o problema, só ficou o ridículo.
Mas,
sei não. Mesmo se expondo ao ridículo, a gente talvez devesse começar a pensar
em imitar o que os americanos fizeram com o 13º andar e cortar o mês de agosto
dos nossos calendários. Passar de julho a setembro sem a etapa intermediária do
mês do desgosto, com tantas tragédias no seu prontuário.
Está
certo, a iniciativa complicaria nossas relações internacionais, encurtaria o
ano, eliminaria aniversários e efemérides, traria um caos ainda maior ao nosso
futebol e desalinharia todos os mapas astrais, mas o Brasil já é um país tão
diferente dos outros, que a mudança do calendário seria apenas uma
excentricidade a mais. E a mudança teria que ser imediata. Este agosto ainda
tem, deixa ver, 14 dias para fazer das suas. Setembro já!
PAPO
VOVÔ
Uma
das funções de avô é acompanhar os programas de TV da neta, para poder fazer
comentários inteligentes. Tenho cumprido meu papel, mas nem sempre entendo o
que está acontecendo. Pensei que um dos personagens do “Gabriela Estrela” e a
Gabriela fossem namorados, mas a Lucinda me corrigiu: “Não são namorados, são
apenas amigos, vô”. Depois, disse a meu respeito, com um certo desdém: “Esse
guri só pensa em romance”.
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