11
de agosto de 2014 | N° 17887
ARTIGOS
ZH
DA FARTURA À POBREZA
Certa
vez me ocorreu dizer que a geografia fizera irmãos Argentina e Brasil, grudados
um ao outro, ligados de maneira inelutável, e em razão do que haveriam de ser
reciprocamente solidários, complementando-se mutuamente.
Desde
os anos 30, porém, Argentina e Brasil experimentaram excessos febris de alguma
maneira semelhantes, o que ratifica a inexorável irmandade decretada pelo império
dos fatos. Nos últimos anos, o fenômeno prosseguiu, mas seus efeitos tomaram
direções sensivelmente diferenciadas.
É prematuro
fazer previsões acerca do porvir, mas o que está acontecendo com a Argentina,
que, embora negue ter chegado ao calote de sua dívida, aliás, líquida e certa, é
bastante sombrio.
Aqui
a história se amplia, e não me encontro em condições de acompanhá-la com exação.
Levanto a pena, por conseguinte, mas as medidas anunciadas, por sua natureza,
evidenciam a profundidade da crise em que navega a nação irmã, pretendendo
transferi-la do plano interno ao plano internacional.
De
qualquer sorte, além da questão em si, existe outro dado relevante. Questiona-se
se a presidente da República Argentina está à altura da emergência, quando suas
atribuições lhe são intransferíveis. Enfim, as nações ora progridem, ora
regressa nas mãos de seus próprios dirigentes. Por derradeiro ocorre-me lembrar
a sentença de Renan ao dizer que há dias tristes, mas não há dias estéreis.
Jurista,
ministro aposentado do STF
PAULO
BROSSARD
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