quinta-feira, 21 de agosto de 2014


21 de agosto de 2014 | N° 17898
LUCIANO ALABARSE

HOMENAGENS

Fácil nunca foi. Mas, desde a primeira edição, continua valendo. O Porto Alegre Em Cena chega à maioridade, 21 anos, com um histórico de tirar o fôlego. Basta lembrar que Peter Brook e Ariane Mnouchkine apresentaram-se no Brasil, pela primeira vez, aqui. Poderia agregar Bob Wilson, Patrice Chéreau e Pina Bausch à lista. Os maiores mestres da arte mundial. Encantaram. Provocaram. Incitaram. Excitaram. Exigiram. Não é pouco.

Trepidantes, os dias que antecedem a abertura do festival lembram uma gincana alucinada. Um dos destaques deste ano é o Tríptico Samuel Beckett, com elenco encabeçado por Nathalia Thimberg. Por este trabalho, Nathalia, aos 84 anos, foi indicada pela Associação Paulista dos Críticos de Arte (APCA) como uma das três atrizes mais destacadas do semestre teatral paulista.

Nessa seleta lista, consta também nossa Sandra Dani, por sua atuação em Oh, Os Belos Dias, do mesmo autor, que vimos em primeira mão na edição passada. Roberto Alvim, o diretor do Tríptico, andou discutindo com Gerald Thomas, via internet. Thomas, que mora em Londres e não vê teatro brasileiro, como um contumaz bobalhão, deita falação sobre nossas peças e encenadores, como se fosse o dono de Beckett. Teve tratamento à altura. Alvim não deixou barato. Ainda bem. Outro Roberto que merece aplausos é o Oliveira. Sua criação de Bukowski é prova, mais uma, do seu imenso talento. Sandra e Roberto, orgulhos teatrais do Rio Grande.

Outros gaúchos também merecem elogios. Cláudia Laitano, por exemplo. Li, com o prazer usual, a crônica na qual comenta sua admiração por Karl Ove Knausgård. Karl escreveu uma espécie de Em Busca do Tempo Perdido contemporâneo, ironicamente batizado de Minha Luta, seis volumes da melhor literatura ao alcance da mão. Aqui, já saíram os dois primeiros títulos da série. Devorei os dois. Melhor do que Proust. Literatura tem de sair do papel, fazer o leitor ter urgência em virar a página, respirar diferente. Ler jornal idem. Não perco as crônicas de Martha Medeiros, Claudia Tajes e Cíntia Moscovich. Nos dias dessas mulheres, Zero Hora fica melhor.


Em compensação, precisei me açoitar para terminar O Professor, de Cristovão Tezza. Não parece o mesmo autor do impactante O Filho Eterno. Chato. Melhor ficar com Knausgård. Asseguro: Minha Luta, a do norueguês, é uma vitória.

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