13
de agosto de 2014 | N° 17889
ECONOMIA
| Marta Sfredo
COMO A CRISE EUROPEIA CHEGA AO SEU
TELEFONE
Embora
tenha se acalmado, a crise nos países com maiores dificuldades financeiras na
Europa acabou se conectando na linha telefônica dos brasileiros e de muitos gaúchos.
Mesmo sendo uma ligação com fio o efeito cascata faz sentido , ainda assim seus
efeitos evocam o enunciado mais conhecido da teoria do caos: o bater de asas de
uma borboleta no Brasil pode provocar um tornado no Texas.
Um
grupo financeiro português teve de ser resgatado da quebra iminente. O Banco
Espírito Santo recebeu uma injeção de recursos públicos, com ativos bons de um
lado – para atender aos clientes e fora do alcance dos antigos acionistas – e
ativos podres de outro. Ocorre que o BES é sócio da empresa Portugal Telecom,
que tinha um acordo de fusão já engatilhado com a Oi no Brasil. Um dos embriões
da supertele nacional foi a gaúcha CRT, que virou Brasil Telecom, que virou Oi.
Embora
a Portugal Telecom seja outra empresa, sofreu abalo com negócios na
controladora do Grupo Espírito Santo, chamada Rioforte. Depois de vender papéis
de sua dívida, a Rioforte entrou em recuperação judicial. Ao menos por um período,
deve, não nega e pagará quando puder. Por conta das dificuldades financeiras, a
fatia da portuguesa na Oi encolheu – a princípio, de 37% para 26%, mas o número
oficial só será informado no dia 8 de setembro, quando deve ocorrer a aprovação
do acordo pelos acionistas dos dois lados.
E
ainda há outra telefônica de berço gaúcho na linha cruzada do rearranjo das
teles brasileiras. Cobiçada pelos resultados financeiros, a GVT, que nasceu
como empresa-espelho da Brasil Telecom no sul do Brasil, é disputada pela TIM e
pela espanhola Telefónica. E para fechar o circuito do telefone com fio, o
mercado discute se a italiana TIM, caso não fique com a GVT, poderia se unir à Oi,
como forma de suprir a fatia faltante da Portugal Telecom em sua composição
acionária. Resumo da ópera: para saber qual é o verdadeiro dono de sua linha
telefônica, melhor prestar atenção aos movimentos do mercado. Em breve, uma
nova voz vai atender você.
JOGO
DE CINTURA
Diante
de um cenário econômico sem perspectiva de melhora a curto prazo, será necessário
um certo jogo de cintura nos próximos meses para garantir o sucesso dos negócios.
Driblar a desconfiança do consumidor, que está com um pé atrás na hora de fazer
compras para não contrair dívidas, exige planejamento e propostas atrativas.
No
Platinum Outlet, em Novo Hamburgo, por exemplo, a estratégia de combinar preços
competitivos com produtos de marcas conhecidas tem gerado bons resultados.
– Apesar
de julho ter sido um mês mais fraco, com a Copa, tivemos resultado de vendas
brutas de R$ 15 milhões, número que pode ser comparado a shoppings com o dobro
de área bruta locável – comemora Sérgio Zukov, diretor de operações no sul da
Iguatemi Empresa de Shopping Centers (Iesc), que administra o outlet.
Nos
primeiros três meses de operação, a receita bruta do empreendimento foi de R$ 2
milhões. Para o segundo semestre, a expectativa é otimista, com a abertura de
novas operações, como Gap e Apple.
Com
base na experiência positiva em Novo Hamburgo, a Iesc está apostando no
segmento e criou uma marca específica, a I-Fashion Outlet, com diretoria própria.
A companhia prepara dois novos lançamentos de outlets, um em Tijucas, em Santa
Catarina, previsto para abrir no final do próximo ano, e outro em Nova Lima, em
Minas Gerais, com perspectiva de inauguração em 2017.
COMEÇA
A surgir um novo perfil
no
mercado gaúcho. Setores como energia eólica, indústria oceânica, biocombustíveis
e outros da chamada “nova economia” já representam 44,8% (R$ 22,45 bilhões) dos
R$ 50 bilhões investidos em projetos da Sala do Investidor. O número foi
divulgado ontem pela Secretaria do Desenvolvimento e Promoção do Investimento.
IMPORTÂNCIA
DOS MERCADOS ESTADUAIS
Sócio-fundador
do Grupo ABC, holding brasileira com 15 empresas nas áreas de publicidade,
marketing e entretenimento, Nizan Guanaes esteve ontem na Capital para
participar de um encontro com clientes da Morya, uma das companhias do grupo.
No
evento, o empresário que é considerado um dos cinco brasileiros mais influentes
pelo jornal inglês Financial Times, destacou a importância dos mercados
estaduais para impulsionar marcas sólidas. Nizan falou ainda que o Brasil já é um
país “visto” no mercado mundial, e por isso precisa desenvolver marcas globais.
Para a ABC, os planos são crescer em países latinos como Colômbia, Peru, Chile
e México.
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