sábado, 30 de agosto de 2014


30 de agosto de 2014 | N° 17907
PAULO SANT’ANA

Dois apoiam a tortura

Recebi e-mails de três pessoas – duas delas apoiando a tortura e outra afirmando que Miriam Leitão não foi torturada e se dizendo ex-agente do DOI-Codi –, fruto de duas colunas publicadas por mim referentes à denúncia da jornalista de O Globo de que foi severamente torturada.

Eis as opiniões espetaculares: “Boa noite, caro Paulo. Apenas um comentário sobre Miriam Leitão: que ódio! Era uma guerra. E na guerra não há concessões. Você e eu (por questão da nossa idade) sabemos disso. Havia o perigo do comunismo. A Rússia era poderosa. Alguns brasileiros optaram por essa via. Quem não a queria combateu. Certamente houve excessos, mas dos dois lados. Ou você desconhece que Genoino – para não ser abatido – delatou seus companheiros e todos foram mortos? E os justiçamentos entre os ditos guerrilheiros? Houve. Mas ninguém fala.

Grande abraço. Saúde. E que reencontres tua amiga a Bengala. Sandra Silva”.

Outro e-mail: “Costumo ler, diariamente, seus textos. Inclusive, aproveitei um deles para inserir na segunda edição de meu livro Brasil: Sempre, por julgá-lo oportuno. No entanto – embora não sendo médico –, tenho a convicção de que o senhor está sofrendo de algum distúrbio, próprio da idade avançada, ou até mesmo de uma possível esclerose.

Explico-me: não é possível que o senhor, com o conhecimento e a experiência granjeados ao longo de tantos anos de jornalismo, esteja acreditando nessa estorinha da Miriam Leitão. Ora, 50 anos depois da contrarrevolução de 64, vir uma pestinha dessas dizer que sobreviveu – ela e o filho, este, ainda em gestação – às ‘mais infames torturas’ e que seu torturador foi o coronel Malhães, recentemente assassinado?

Por que essa megera esquerdinha não falou tudo isso antes? Por que, agora, depois que o coronel Malhães está morto e, em consequência, impossibilitado de se defender? Gostaria que o senhor tivesse, pelo menos, a dignidade (própria de sua pessoa) ainda íntegra, sua coragem (sempre demonstrada), no sentido de trazer a público, em seu espaço, este pequeno pronunciamento de quem foi agente do DOI-Codi e se pronuncia com conhecimento de causa. Saudações. Marco Pollo Giordani – OAB/RS 23.781. Porto Alegre, RS”.

E o terceiro e-mail: “Faze-me o favor, pelo menos tu. Está mais do que na hora de dar um basta a esta história de ditadura. Na imprensa e no PT, estão fazendo de tudo para denegrir a era militar no Brasil, para as pessoas com menos de 50 anos, que são a maioria da população brasileira. Tenho 60 anos e vivi, e muito bem, na época da ditadura, daria 30 anos da minha vida para voltarmos à vida tranquila e segura daquela época.


Torturados foram os anarquistas e golpistas, os mesmos que dizem ter sido torturados estão levando agora o país ao caos. Com certeza não houve naquela época ninguém ligado ao governo invadindo casas e torturando famílias como acontece hoje por bandidos protegidos por um governo falimentar e uma imprensa que só está interessada em divulgar tragédias. Façam o favor, assumam de uma vez o papel de terroristas escondidos por trás dos microfones, ou pelo escudo de parlamentares. CHEGA. Delvair Cenci”.

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