sábado, 16 de agosto de 2014


16 de agosto de 2014 | N° 17892
NÍLSON SOUZA

O GÊNIO LIBERTO

Quando morre um grande ator, seus personagens renascem nas homenagens póstumas e nas lembranças dos fãs. Robin Williams foi múltiplo como os tipos que interpretou ao longo de sua agitada carreira, mas vou lembrá-lo sempre como o professor irreverente e humanitário de Sociedade dos Poetas Mortos, que desafia um sistema de valores inflexíveis para ensinar a seus jovens alunos a lição mais importante da vida – que é exatamente aproveitar a vida, o dia, o agora. “Carpe diem”, insistia ele na citação latina que alerta para a brevidade da existência.

Ao sugerir aos estudantes que sejam questionadores e que não se deixem condicionar por quem tenta pensar por eles, o professor de literatura e poesia John Keating revoluciona uma escola tradicional alicerçada na disciplina e na excelência. É um aprendizado divertido, mas não sem dor, expressa de forma dramática no suicídio de um aluno reprimido pelos pais e impedido de realizar seus sonhos de – vejam só, companheiros de ofício! – tornar-se ator de teatro ou escrever em jornal.

Foi duplamente emblemática, também, a homenagem quase instantânea feita pela Academia de Artes e Ciências Cinematográficas em sua conta de Twitter, referindo-se à dublagem que o ator fizera do gênio no desenho Aladdin. “Gênio, você está livre”, sentenciou o autor da espirituosa saudação ao ator depressivo e constantemente derrotado pelo álcool e pelas drogas.

Os gênios, como os carvalhos, também tombam.

Mas a mágica permanece para sempre nos corações e mentes tocados por ela. Certamente haverá quem lembre Robin Williams por sua participação em Popeye, na Volta do Capitão Gancho, em Uma Babá Quase Perfeita, em Patch Adams, o Amor É Contagioso ou em algum outro de tantos belos filmes que protagonizou.

Eu fico com as lições do professor Keating, também ele um gênio liberto de formalismos, convenções e preconceitos.


Carpe diem.

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