quinta-feira, 6 de junho de 2013


06 de junho de 2013 | N° 17454
EDITORIAIS

Cultura machista

Omais recente e mais rumoroso caso de violência doméstica, em que uma mulher foi encontrada desacordada em Sapucaia do Sul depois de ter sido mantida em cárcere privado pelo ex-companheiro, acende um sinal de alerta no Estado em relação a uma cultura machista que resiste a mudanças.

O elevado número de casos indica a necessidade de uma abordagem mais ampla do problema, que expõe falhas na rede pública de proteção, exige a adoção de providências há muito tempo adiadas e recomenda a intensificação de campanhas educativas voltadas para o respeito mútuo dentro de casa.

O recrudescimento das agressões – são pelo menos seis mortes violentas de mulheres no Estado só nos últimos dias – volta a chamar a atenção para o quanto a sociedade ainda precisa evoluir em relação a aspectos como esse. Já avançamos, é verdade.

Há quase sete anos, por exemplo, a Lei Maria da Penha tornou muito mais rigorosa a punição contra quem pratica qualquer ato de violência contra o sexo feminino. A questão, mais uma vez, é que continuam faltando providências adicionais do poder público para garantir a aplicação do texto legal.

Normalmente, o assassinato de uma mulher pelo companheiro ou ex-companheiro é precedido de uma série de fatos que indicam a iminência de uma tragédia. A questão é que, sem a adoção de providências elementares como os Centros de Atendimento, poucas mulheres se animam a denunciar os responsáveis, temerosas das consequências.


Se o poder público falha, por razões culturais como as que movem os agressores, é preciso que a sociedade faça a sua parte, tanto na área educativa quanto na fiscalização. Cobrar providências e não fechar os olhos ao problema já podem ser consideradas duas contribuições importantes.

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