sexta-feira, 1 de fevereiro de 2008


CLÓVIS ROSSI

Cuba, Bush, Europa, Brasil

LIUBLIANA - Começo por onde o qprofessor Kenneth Maxwell terminou seu artigo de ontem: "Caso ele [Fidel Castro] venha a morrer enquanto Bush continuar presidente, e em meio a um ano de eleição presidencial nos Estados Unidos, podemos esperar por uma infinidade de problemas".

Ouvi ontem basicamente a mesma idéia de um alto funcionário europeu. Cuba é a prioridade 1 deste semestre em que a Eslovênia preside a União Européia, ao menos em termos de América Latina.

Cuba está em qualquer lista das dez principais questões mundiais. No terceiro, quinto ou décimo lugar, mas entre as dez", diz ele.

A UE está, aliás, disposta a atuar para evitar que os Estados Unidos sejam o único ator externo a participar do processo de transição na ilha, que, a rigor, já começou, mesmo com Castro ainda vivo.

Tanto é assim que Louis Michel, comissário europeu para o Desenvolvimento, vai na semana que vem a Cuba, no primeiro passo de um processo de engajamento que, de preferência, será compartilhado por todos os 27 países-membros da União Européia.

Vistas as coisas da Europa, Cuba também tem interesse nesse envolvimento, em especial depois que o venezuelano Hugo Chávez perdeu o referendo que lhe daria a possibilidade de permanecer indefinidamente no poder.

Os cubanos se assustaram, porque a linha da vida que a Venezuela é hoje para Cuba pode ser interrompida se e quando Chávez sair.

Os europeus acham que o Brasil também tem um papel importante a desempenhar neste como nos demais temas internacionais.

O caso de Cuba é especial pelos laços entre figuras relevantes do PT e o castrismo, mas também pelo valor simbólico da ilha no imaginário político brasileiro, para o bem ou para o mal. Não dá para se esconder atrás do respeito à soberania como habeas-corpus para a inação.

crossi@uol.com.br

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