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terça-feira, 19 de fevereiro de 2008
19 de fevereiro de 2008
N° 15515 - Paulo Sant'ana
Casais apartados
Pelos caminhos que percorri em minhas férias, ouvi entusiasmados apoios à minha tese de que os casais devem dormir em camas, quartos ou casas separadas.
Tem tal persuasão minha insistente tese, que eu fui atacado por gaúchos em Florianópolis e outras praças, todos vivando-a, parabenizando-a efusivamente.
A todos respondi que há muito mais chances de ser feliz mantendo uma união em quartos ou endereços diferentes durante o sono do que ir aumentando os conflitos e as ojerizas nos contubérnios da permanente privacidade.
Em suma, melhor ficarem unidos pela distância relativa do que ir cimentando a desunião no embate desgastante e diário (ou noturno) que leva ao fastio e nos casos mais graves à repelência.
E tenho dito. Tenho dito pelas colunas e agora também pelas peregrinações quase nazarenas que realizei nas férias, sempre em busca da salvação dos casamentos.
Casamento ou união estável são negócios tão frágeis e delicados, que é melhor cercá-los sempre de uma estação de bombeiros que viva apagando as chamas da separação.
O Rio Grande do Sul tem fama de ser um Estado conservador. No entanto, comparado a seu vizinho, Santa Catarina, esta fama é indevida.
Por exemplo, as exigências que fazem em Santa Catarina para os doadores de sangue são muito mais severas do que no Rio Grande.
Dá vontade ao doador de sangue catarinense de desistir de sua tarefa nobre, tais são os cruciantes requisitos burocráticos que lhe impõem.
Também em matéria de licenciamento ambiental Santa Catarina é muito mais exigente que nós.
Com exceção de um crime ambiental licenciado em torno da Praia de Jurerê, em que permitiram a investidores, segundo me dizem, paulistas, erguer vários prédios de condomínios no centro de um morro à direita de quem olha a praia, como se fosse uma favela elitizada, perverso golpe na natureza, os entraves burocráticos para construir no litoral catarinense são terríveis.
E mais: a draconiana política de proteção ao silêncio é algo que chama a atenção em Florianópolis. Vi uma festa em casa de família ser abordada duas vezes pela patrulha de PMs, que exigia diminuição do som.
E pasmem: os PMs disseram ao dono da casa que estavam atendendo a um assalto, quando abandonaram a tarefa para deslocar-se até a festa, por reclamação de um só vizinho.
Ou seja, transmitiu-me esse fato a impressão, quase certo que falsa, de que na capital catarinense os policiais dão mais prioridade à poluição do som que aos assaltos.
Além disso, no Planeta Atlântida gaúcho, a idade mínima para ingresso era de 12 anos, enquanto que em Florianópolis a idade mínima subiu para 14 anos, pelo que milhares de adolescentes catarinenses de 12 e 13 anos não puderam ver a grande festa, enquanto sua faixa etária gaúcha correspondente foi licenciada.
Portanto, somos muito mais liberais que Santa Catarina, pelos fatos que minha observação arrolou.
Quem foi que disse que nós, gaúchos, somos mais conservadores?
Alô, Cacau Menezes, do Diário Catarinense, fico agora ansioso por lê-lo.
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