quinta-feira, 28 de fevereiro de 2008


ELIANE CANTANHÊDE

A tapioca azedou

BRASÍLIA - O presidente do PSDB, Sérgio Guerra, seu antecessor, Tasso Jereissati, e os líderes Arthur Virgílio, tucano, e José Agripino Maia, do DEM, desembarcaram em peso ontem na CPI das ONGs.

O gesto sugere que a oposição não dá um tostão furado pela CPI da Tapioca, principalmente depois que os cartões corporativos de Serra entraram na roda, e prefere investir nas ONGs, muito vinculadas ao PT e ao governo federal.

Já que não podiam recuar de todo na CPI da Tapioca, os tucanos indicaram Marisa Serrano para a presidência, pelo menos para manter algum controle sobre as investigações e aproveitar a exposição da senadora para vincular a (boa) imagem dela à do partido.
Mas o alvo preferencial, ou real, é a outra CPI.

Sérgio Guerra, por exemplo, acusa as ONGs de serem cabos eleitorais do PT e de Lula, inclusive propagando a versão de que um eventual governo Alckmin privatizaria Petrobras e BB, botando milhões de empregados na rua.

As ONGs devem servir novamente de instrumento da guerra entre petistas, de um lado, e tucanos e demos, de outro, neste novo ano eleitoral.

Com a oposição no ataque, não é difícil imaginar governo e PT atrás de umas ONGzinhas financiadas pelos governos de São Paulo e de Minas. Para tentar zerar o jogo, como no "mensalão" e na tapioca.

Um dos resultados práticos da CPI do Orçamento, em 1993, foi acabar com a subvenção oficial a entidades privadas, mas logo depois abriram a porteira daqui e dali.

Onde passa boi passa boiada. Soltar dinheiro "governamental" para entidades "não-governamentais" virou prática corriqueira. Daí a virarem braços políticos foi um pulo.

Na balança do Congresso, desce a CPI da Tapioca, sobe a das ONGs. Urge encontrar um ponto de equilíbrio que preserve as centenas ou até milhares de entidades que, além de limpas, prestam importante serviço ao país e à sociedade.

elianec@uol.com.br

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