segunda-feira, 18 de fevereiro de 2008



18 de fevereiro de 2008 | N° 15514
Luis Fernando Verissimo


Outra carta da Dora Avante

Recebo outra carta da ravissante Dora Avante. Dorinha, como se sabe, diz que só confessará sua idade minutos antes de morrer, "para que pelo menos a lápide não minta", mas que os boatos do seu caso com o Villegagnon são falsos.

Ela estava em grande forma no Carnaval, quando bateu seu próprio recorde e desfilou em todas as escolas, do primeiro e do segundo grupo, e atrás do carro de bombeiros do Anísio. Só lamentou o vexame vivido na avenida por Cristina ("Kiti") Pinho, sua companheira, junto com Tatiana ("Tati") Bitati e outras, na "ONG soit qui mal y pense", as Socialaites Socialistas, que defendem o que consideram o único socialismo viável no Brasil, o da boca para fora. "Kiti" desfilou logo após aquela moça que deixou cair o tapa-sexo sob aplausos entusiasmados da multidão. Decidiu fazer o mesmo e ouviu a multidão gritar "Tapa! Tapa!".

Dorinha também lamentou não ter convencido o Pitanguy a desfilar ao seu lado, para o caso de o público, entusiasmado com seu corpo, pedir "O autor! O autor!". Ela já fez tantas plásticas, que está pensando em se submeter a um exame de DNA, para saber se ainda é ela.

Também está pensando em... Mas deixemos que a própria Dorinha nos conte. Sua carta veio, como sempre, escrita em papel azul-turquesa com seu nome em relevo seguido de um espaço para colocar o sobrenome do seu marido do momento.

O espaço estava vazio.

"Caríssimo! Beijos sugados, você escolhe o alvo. Sim, estou solteira. Quel joá, como disse a Cecília quando se livrou do Sarkozy! Todas as manhãs peço para quem estiver ao meu lado na cama que me belisque, para eu saber que não é sonho.

Não quero mais maridos. O último, cujo nome me escapa no momento, concordou com todas as minhas exigências para o divórcio e descobri o mais maravilhoso substituto para marido desde que inventaram o abridor de pote: o cartão corporativo.

Com um pouco de ginástica, pode-se até usá-lo para coçar as costas, que é a outra utilidade de marido. Com fundos ilimitados, estou pensando em relançar minha campanha para ser a primeira presidente mulher do Brasil. Ou (maldade) totalmente mulher.

Meu slogan será O que a Cristina Kirchner, a Angela Merkel, a Michelle Bachelet e a Hillary Clinton não têm que eu também não tenho? Currículo para me eleger é que não me falta. Sem piadas, por favor. Pouca gente sabe que estive em Cuba com um grupo de estudantes.

Era um programa de intercâmbio de Cuba com o Colégio Sion, que cursei numa das minhas juventudes. Fui até eleita rainha do grupo, com direito a passar uma noite com o Fidel. A segunda colocada ganhava duas noites com o Fidel ou o equivalente em charutos.
E mais: depois da eleição do PT treinei o meu pequinês, Ostramond de Crecy - o nome é maior do que ele - a não mais latir para pobre. Hoje ele só rosna.

Quer dizer: com minha eleição, depois de tantos começos falsos, finalmente, a esquerda chegará ao poder no Brasil! Da tua esperançosa Dorinha."

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