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terça-feira, 12 de fevereiro de 2008
12 de fevereiro de 2008
| N° 15508 - Liberato Vieira da Cunha
O mundo não vai desabar por isso
O instante decisivo de tua vida chega quando percebes que podes fazer dela tudo o que quiseres. É quando descobres, de repente, que podes te tornar uma médica famosa ou uma advogada eminente; uma engenheira respeitada ou uma arquiteta audaciosa; uma professora admirada ou uma economista acatada.
Todos os caminhos se abrem diante de ti. É tua a embriagadora liberdade da escolha. Podes ser também uma poeta, uma pintora, uma seresteira, uma romancista, uma pianista, uma viajora.
É então que entra em cena, sem ser convidada, essa palavra que atende por destino. Por circunstâncias variadas, a médica, a advogada, a engenheira, a arquiteta, a professora jamais conquistam seus títulos e seus canudos. Já a poeta, a pintora, a seresteira, a romancista, a pianista, a viajora, ofícios para os quais não se requer diploma, naufragam em profissões dispersas e indesejadas.
Por que te falo tudo isso?
Talvez por haveres me contado que estás indecisa entre manhãs, tardes e noites às voltas com livros e cursinhos e o teste de múltipla escolha de tuas inclinações mais íntimas.
Pois tu, neste momento, és a senhora de teus caminhos. O que decidires agora condicionará de algum modo tua jornada sobre a Terra.
Mas preferência não é renúncia.
Conheço pelo menos um médico que é excelente poeta; um engenheiro que é aplicado pintor; um economista que é imbatível no violão.
Pois a vida não é exclusão; é soma.
Vamos supor que elejas a arquitetura e, em meio a um projeto, te surpreendas sonhando com um concerto.
Vamos dizer que optes pelo giz e pelo quadro-negro e, em meio a um teorema, te pegues devaneando com um soneto.
Vamos fingir que te fixes num tribunal e, em meio a uma sentença, embarques numa viagem.
O mundo não vai desabar por isso.
O mundo só vai desabar se não seguires o que manda o teu coração.
Uma ótima terça-feira, ainda que com muita chuva e promessa de temporais por aqui.
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