Aqui voces encontrarão muitas figuras construídas em Fireworks, Flash MX, Swift 3D e outros aplicativos. Encontrarão, também, muitas crônicas de jornais diários, como as do Veríssimo, Martha Medeiros, Paulo Coelho, e de revistas semanais, como as da Veja, Isto É e Época. Espero que ele seja útil a você de alguma maneira, pois esta é uma das razões fundamentais dele existir.
terça-feira, 12 de fevereiro de 2008
12 de fevereiro de 2008
N° 15508 - Cláudio Moreno
Elas preferem os tolos?
No tempo em que os deuses do Olimpo ainda desciam à terra em busca do amor das belas mortais, Apolo tinha tudo para ser o mais cobiçado de todos os partidos. Além de ser a divindade responsável pela cura das doenças e dos ferimentos, ele também presidia - sempre acompanhado das Musas, suas encantadoras ajudantes - tudo o que se referia à música, ao canto e à poesia.
Sua figura serena era a encarnação do equilíbrio harmonioso entre o intelecto e a beleza física; os artistas sempre o representaram como um homem jovem, de porte atlético, com feições refinadas e um semblante inteligente - um verdadeiro modelo de beleza viril (e não é por acaso que até hoje o dicionário define um "apolo" como um homem belo, forte e elegante). Se acrescentarmos que, além de tudo isso, ele ainda era solteiro, fica difícil imaginar que alguma mulher, da mais remota à mais moderna, pudesse resistir a um homem com tantas qualidades.
Infelizmente, nem tudo foram rosas para Apolo, que foi rejeitado por mais de uma pretendida. O caso mais constrangedor foi o de Marpessa, uma princesa de extraordinária beleza:
ele estava tão apaixonado que, numa atitude sem precedentes para um deus da sua importância, pediu-a prosaicamente em casamento - para ficar sabendo, aturdido, que um simples mortal, um tal de Idas, príncipe de um reino vizinho, também tinha entrado na disputa. Como era inevitável, os dois rivais um dia se defrontaram, primeiro com palavras, depois com os punhos.
Apesar de desigual, a luta era terrível, e Zeus foi obrigado a intervir para apartar os dois pretendentes. Que a moça decidisse: com qual dos dois se casaria? Para surpresa de todos e para escândalo de muitos, ela optou por Idas, alegando - quem sabe era mero pretexto? - que ela não teria uma vida feliz ao lado de um deus tão célebre e tão cultuado por toda a Grécia.
Dá para imaginar o retorno de Apolo ao Olimpo, cabisbaixo, derrotado, inaugurando, talvez, o mote que os homens despeitados repetem até hoje quando se sentem rejeitados ou trocados por alguém que consideram um rematado cretino: "É a velha queda que as mulheres têm pelos tolos!".
Os que usam esta idéia como consolo costumam reforçá-la com o exemplo de tantos gênios e artistas maltratados por suas mulheres - e apresentam terríveis exceções para reforçar a regra: daquelas que enfrentaram o desafio de ter um marido brilhante e criativo, muitas foram castigadas por sua ousadia, como lamentou tragicamente Clara, mulher de André Malraux:
"Aos poucos eu fui percebendo que viver ao lado dele era um presente magnífico que eu pagava, dia a dia, com meu próprio aniquilamento". "Eu não disse?
É assim mesmo: elas não suportam o brilho!", exulta Apolo, eterno ressentido - enquanto isso, talvez bem próximo dali, Afrodite trata de confortar alguma ninfa desiludida de amor, com palavras muito semelhantes, cheias de amarga ironia: "Não chores, minha filha, que não vale a pena; os homens sempre preferem as mais tolas - e as mais magras!".
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