sábado, 23 de fevereiro de 2008


Jurandir Soares

MICHIGAN REFLETE O PAÍS

Estou nos EUA para sentir se há crise econômica no país. Já deu para sentir que há diferenças. Alguns estados sentem mais e outros menos, mas a crise está presente.

Percorri grandes centros, como Nova Iorque, Chicago e Detroit e pequenas comunidades dos estados de Illinois, Indiana e Michigan. Em Chicago, quase não se percebe crise. A cidade segue construindo prédios imensos, na maioria se aproximando da famosa Sears Tower, com 108 andares.

Mas esta competição de prédios não se dá apenas pela altura. Chicago tem sido aclamada pela inovação arquitetônica, onde se destacam gigantes da arquitetura como Frank Lloyd Wrigth, Louis Sullivan e Mies van der Rohe.

Já em Michigan, o que ouvi é que a economia está em baixa. Falei com um 'mestre-de-obras' e ele me disse que a situação na área da construção é terrível.

O choque dos juros altos atingiu muita gente, que teve que devolver suas casas. Esses perderam dinheiro e proprietários que resgataram os imóveis não têm para quem os vender.

Conseqüentemente, o setor da construção não está construindo. O forte do estado de Michigan é a indústria automobilística, localizada em Detroit.

E está também em crise profunda. Dois aspectos a atingem diretamente: a entrada em massa de carros japoneses e coreanos no mercado americano e o deslocamento de plantas americanas para o México. O resultado para Michigan é um acentuado desemprego.

A esperança para o estado fica por conta da área agrícola. O estado é grande plantador de soja e de milho. Só que o milho tende a valorizar-se mais, devido ao campo que se abre com sua utilização para produção de etanol.

Especialmente em função do acordo firmado entre Brasil e EUA. Os produtores de milho de Michigan encontraram, além do mercado de alimentos, um novo e forte comprador: o produtor de etanol. Esperam que seja por aí o início da recuperação do estado.

Depois, deu para chegar a uma conclusão: na região de plantadores de soja e milho, a maioria é adepta do Partido Republicano.

Diferentemente dos grandes centros como Chicago ou Detroit, que são de maioria democrata. A disputa pela indicação Democrata está ficando difícil para a senadora Hillary Clinton. Ela não tem encontrado argumentos para derrubar Barack Obama.

As acusações que tem feito, de que ele é inexperiente e não saberia administrar em momento de perigo, não encontram ressonância. Assim é que o resultado das primárias do dia 4 de março, no Texas, Rhode Island, Vermont e em Ohio, se apresentam como decisivas às pretensões de Hillary.

O que se diz é que, se ela perder estas primárias, pode se considerar fora da corrida. Daí a mobilização que passou a haver entre os condutores de sua campanha.

Mark Penn, estrategista da campanha, procurou convencer Hillary a atacar fundo os seus contrastes com Obama. Argumentando que ela não tem outra alternativa. Foi o que ela tentou fazer no debate de quinta, na Universidade do Texas.

Um excelente domingo, especialmente a você.

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