quarta-feira, 20 de fevereiro de 2008



20 de fevereiro de 2008
N° 15516 - Editorial


Pressão orquestrada

A Igreja Universal do Reino de Deus, proprietária de um império de mídia composto por 23 emissoras de televisão, 40 de rádio, dois jornais diários e cerca de 20 empresas voltadas para outras atividades, deflagrou uma campanha de intimidação contra profissionais de imprensa e contra os jornais Folha de S. Paulo, O Globo, Extra e A Tarde, com o propósito claro de cercear a liberdade de expressão desses veículos.

O ataque consiste numa série orquestrada de ações judiciais movidas por bispos e fiéis nas mais distantes cidades do país, de modo a confundir a Justiça e a opinião pública, além de dificultar e encarecer a defesa dos acusados.

O expediente está sendo repudiado por diversas entidades representativas dos meios de comunicação e também por juristas e representantes da sociedade civil. Todos vêem na maquiavélica estratégia a intenção de constranger concorrentes e calar críticas.

O litígio começou com uma reportagem publicada pela Folha de S. Paulo, assinada pela jornalista Elvira Lobato, em dezembro de 2007, tendo como foco as atividades milionárias do bispo Edir Macedo.

Em resposta, a Iurd mobilizou seus seguidores e armou um esquema de ações judiciais para exigir indenização por danos morais da repórter e da Folha, passando também a ameaçar outros veículos de comunicação que têm noticiado de forma crítica as atividades da igreja.

O procedimento foi identificado pela Associação Brasileira de Imprensa como uma estratégia no sentido de "obter a cobertura do Judiciário para cercear e condicionar o exercício do direito de informação".

É motivado pela defesa deste direito à informação que o Grupo RBS se posiciona sobre o assunto. Entendemos esta garantia democrática como um direito do público de receber informações livres e independentes, e não como uma prerrogativa de profissionais de imprensa ou de grupos de comunicação.

Ao processar jornalistas e empresas por divulgar informações e opiniões, a Igreja Universal está tentando calar aqueles que discordam dos métodos de suas lideranças.

Não se trata, portanto, de uma questão religiosa. O Grupo RBS tem entre seus princípios pétreos o respeito à liberdade de crença e de religião, como, aliás, consagra a Constituição de nosso país.

Por isso, ao repudiar de forma veemente e inequívoca esta ação cerceadora da liberdade de informação, a RBS mantém sua confiança de que o Poder Judiciário identificará a litigância de má-fé e não se deixará enganar pela capciosa armação.

Ao se valer desta estratégia de processos múltiplos e simultâneos para pressionar e calar seus críticos, a Universal coloca sob suspeição a sua própria legitimidade para administrar empresas de comunicação num ambiente democrático como o que vivemos no país.

O que está em jogo não é a disputa de poder entre uma igreja e a mídia, até mesmo porque a organização religiosa mantém seus próprios veículos de comunicação, embora muitas vezes faça uso duvidoso deles. O que está em disputa neste litígio judicial é o direito dos brasileiros à verdade.

Visão da RBS

Ao se valer desta estratégia de processos múltiplos e simultâneos para pressionar e calar seus críticos, a Universal coloca sob suspeição a sua própria legitimidade para administrar empresas de comunicação num ambiente democrático.

Uma ótima quarta-feira, meio de semana e este que é considerada o Dia Internacional do Sofá. Aproveite para ver o Eclipse juntinhos.

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