terça-feira, 19 de fevereiro de 2008



19 de fevereiro de 2008
N° 15515 - Moacyr Scliar


Xixi no mar

Este ano os veranistas encontraram em Atlântida uma boa novidade: privadas químicas. O que resolve um problema raramente mencionado, mas real: onde é que a gente faz xixi, na praia? A resposta, até agora, era tácita: no mar. O que às vezes gera situações insólitas.

Depois de várias cervejas, e de bexiga cheia, um amigo, escritor, entrou no mar para se aliviar. Estava ali, sozinho, entregue ao ato da micção, quando uma banhista apareceu, declarou-se admiradora e perguntou algo sobre o trabalho dele.

Ambos com água pela cintura, não dava para ver o que o escritor estava fazendo. Confiando nisso ele manteve, por algum tempo, o insólito diálogo, até que finalmente a senhora deu-se por suficientemente esclarecida, despediu-se e voltou para a praia. Ufa.

A partir de agora, mesmo na praia, o escritor terá privacidade - na privada química, claro. Prejuízo para a difusão da literatura? Talvez. Mas benefícios para a higiene.

Falando em higiene e saúde, a proibição dos fumódromos, proposta pelo ministro da Saúde, gerou controvérsia. É claro que a medida tem uma conotação restritiva, que pode ser até o aspecto mais chamativo, mas não é, convenhamos, o principal.

O importante é proteger os fumantes passivos, que têm um risco 24% maior de desenvolver doença cardiovascular e infarto do miocárdio, e 30% maior de câncer de pulmão.

E também é bom lembrar que, para os próprios fumantes isto é benéfico, na medida em que os ajuda a tomar consciência de um comportamento automatizado (e por isso mesmo mais prejudicial). Quanto menos fumo, melhor para a saúde. De todos, fumantes ou não.

Vários e-mails comentando a coluna de terça passada sobre Olga Benário. "Tua coluna sobre Olga Benário é exemplar. Do ponto de vista histórico, é objetiva, esclarecedora e cheia de informações.

Do ponto de vista humano, é um texto generoso e comovente", diz José Antonio Pinheiro Machado, que, além de mestre na gastronomia é brilhante jornalista, advogado e escritor. Também jornalista, Olides Canton dá os parabéns pela lembrança de um centenário que passou despercebido.

O Marco Antônio Coelho, administrador de empresas, "filho de um pedreiro e de uma dona de casa, que nunca precisou de cotas ou bolsa-família para freqüentar a escola, ferrenho defensor da livre-iniciativa e da meritocracia", não gostou do texto:

"Lembrar o centenário de alguém que, por mais que acreditasse numa causa, lutou para a instalação de um regime comunista no Brasil, não me parece sensato".

Já o Pedro Antônio, ao contrário, lamenta "a guarida que o Judiciário brasileiro deu ao ato torpe da extradição de Olga Benário".

O Beto Bianchi também aplaudiu e a Edith Suraci encarregou-se de enviar o link à historiadora Anita Leocádia, filha de Olga e de Prestes. Enfim, nada como ter leitores inteligentes e informados.

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