Aqui voces encontrarão muitas figuras construídas em Fireworks, Flash MX, Swift 3D e outros aplicativos. Encontrarão, também, muitas crônicas de jornais diários, como as do Veríssimo, Martha Medeiros, Paulo Coelho, e de revistas semanais, como as da Veja, Isto É e Época. Espero que ele seja útil a você de alguma maneira, pois esta é uma das razões fundamentais dele existir.
sexta-feira, 22 de fevereiro de 2008
jcimenti@zaz.com.br
22/2/2008
A insensibilização dos indivíduos
O livro Caos Calmo é o romance mais recente do escritor, poeta e arquiteto italiano Sandro Veronesi, que nasceu em Prato, em 1959, e formou-se em arquitetura pela Universidade de Florença.
Sandro publicou seu primeiro livro de poemas aos vinte e cinco anos e, desde então, escreveu cinco romances, três livros de ensaios, uma peça teatral e muitos textos para a imprensa e para a televisão. No Brasil, ele publicou, pela Rocco, A força do passado, que ganhou os renomados prêmios Viareggio e Campiello.
Caos Calmo recebeu o prêmio Strega, o mais prestigiado da Itália, e foi adaptado para o cinema pelo diretor Nanni Moretti.
A narrativa está centrada na morte da esposa do bem-sucedido executivo Pietro Paladini, de 43 anos, em plenas férias no litoral italiano e nos desdobramentos do fato, assim como no salvamento de duas pessoas que estavam se afogando na costa, no momento da morte da mulher de Pietro.
Até tudo acontecer, Pietro parecia uma pessoa realizada, sem tempo para questionamentos maiores.
Mas o executivo e a filha de dez anos parecem encontrar muitas dificuldades para administrar o luto resultante da morte repentina de Lara, a mãe de Cláudia, a filha do protagonista.
Lara morrera vítima de um aneurisma enquanto preparava o almoço e, poucos dias após o funeral, Pietro e Cláudia retomam a vida em Milão. Nenhum dos dois demonstra grande pesar pela morte de Lara.
Mais por medo de não parecer normal do que propriamente por sentir dor pelo falecimento da companheira, Pietro decide ficar, todos os dias, em frente à escola da filha, enquanto ela assiste às aulas.
Para sua família, seus amigos e conhecidos, ele está lamentando a falta da mulher, mas, no fundo, ele, imerso numa espécie de caos calmo, vê a passagem algo monótona das estações através dos vidros do carro e fica esperando o momento de ver a "ficha" cair para ele e para a filha.
O momento não vai chegar e Pietro, refugiado em seu carro, vai conhecer o lado obscuro das pessoas com quem convive há muitos anos.
Nas tradicionais visitas de pêsames, em vez de prestar solidariedade, as pessoas derramam suas próprias dores e inseguranças, numa série de histórias paralelas que enriquecem a narrativa do romance.
A história finalmente vai dar uma grande guinada, quando, por insistência de uma amiga da filha, Pietro decide ir a uma palestra em que o assunto é como falar da morte com os filhos.
Ao se dar conta de que sua indiferença pode estar influenciando fortemente o comportamento da filha, Pietro desmaia e segue sua trajetória para um desfecho surpreendente.
Novas visões, novos valores e, quem sabe, uma nova etapa de vida, com mais sentido, vão acontecer, numa era em que os indivíduos, tantas vezes, parecem ter perdido a sensibilidade.
Com sua narrativa sutil, Veronesi revela traços de comportamento de nossos tempos. Tradução de Gabriel Bogossian, 416 páginas, R$ 48,00. Editora Rocco, telefone 21-3525-2000.
Assinar:
Postar comentários (Atom)
Nenhum comentário:
Postar um comentário