Cresce procura por apartamentos
"nas nuvens"
Enquanto
alguns urbanoides negociam a paz com a dinâmica hiperacelerada de Nova York,
outros escapam dela sem sair da cidade. A estratégia usada é um estilo de vida
agressivamente vertical, que vem sendo facilitado por construtoras
imobiliárias.
Os
compradores que podem arcar com os preços de apartamentos situados nas nuvens
disputam a tapas os espaços nos pontos mais altos da cidade. Vista dessa
altura, Nova York é pitoresca. Há vistas deslumbrantes, além de uma vantagem
que não existe no nível da rua: o silêncio.
Os
adicionais de preço pagos por altura frequentemente são da ordem de 1% a 2% a
mais por cada piso ascendente. Os preços podem subir entre 10% e 30% no caso de
apartamentos mais altos que as copas das árvores do Central Park ou que os
edifícios vizinhos. De acordo com Michael Vargas, executivo-chefe da Vanderbilt
Appraisal, é de praxe acrescentar um adicional de 10% "se existem vistas
especiais que melhoram à medida que você vai subindo de andar no
edifício".
O
que os nova-iorquinos mais valorizam num apartamento? Altura, luz natural e
vistas abertas. "Uma bela vista é algo que nunca sai de moda. Paz e
silêncio também não", comentou Chandra Tyler, corretora imobiliária da
Bellmarc Realty.
Agindo
por impulso, um cliente dela, Ezra Sharon, pôs à venda por US$ 2,25 milhões seu
apartamento de cobertura e dois quartos, com deslumbrante terraço aberto de 93
metros quadrados. Mas, assim que chegou uma oferta razoável, o cliente subiu o
preço pedido para US$ 2,49 milhões.
"Acho
que ele é realmente 'viciado' na altura e na vista", disse a corretora. O
apartamento de cobertura acabou sendo tirado do mercado. "Num dia bonito,
posso ver cinco pontes, o Central Park e o rio East", comentou Sharon.
"Num dia nublado, a vista desaparece e você sente como se estivesse num
avião. Viver aqui tem sido a realização de um sonho. "
Daria
Salusbury, vice-presidente sênior de leasing de imóveis de luxo na Related
Companies -cujo edifício One MiMA Tower é perfeito para os fãs do chamado
estilo de vida vertical-, comentou: "As vistas como as que se tem de um
avião são a nova onda do futuro residencial".
O
paisagista Andrew Vogel e o dermatologista Donald Savitz possuem uma casa em
Bedford, no Estado de Nova York, onde passam os fins de semana. Dois anos
atrás, eles alugaram um apartamento pequeno de dois quartos no Midtown para
ficarem durante o resto da semana.
Situado
no 47° andar, o apartamento tinha vistas surpreendentes que os levaram a querer
mais. O edifício que mais os fascinou foi o One MiMA Tower, no West Side de
Manhattan.
"Quanto
mais alto subíamos, mais gostávamos", contou Vogel. "Entramos no
apartamento e as vistas para o leste, o sul e o oeste eram literalmente de
tirar o fôlego. Acho que nos apaixonamos pelos azuis: o céu e os rios."
Vogel
contou que, do apartamento deles, no 55° andar, "vemos a Estátua da
Liberdade, o edifício Empire State, o rio Hudson e até uma parte do Central
Park. Vemos as tempestades chegando de Nova Jersey. É um apartamento incrível.
Quando não estamos lá, sinto falta dele."
Os
dois pagam US$ 23 mil mensais de aluguel e estão prevendo uma mudança
permanente. "O grande problema", explicou Vogel, "é que, quando
formos comprar, não vamos querer ir para um andar mais baixo".
Um
edifício situado no endereço 8 Spruce Street, em Lower Manhattan, também
conhecido como New York by Gehry, é hoje o edifício residencial ocupado mais
alto da cidade, com 76 andares.
Os
aluguéis mensais dos três apartamentos de cobertura custam a partir de US$ 25
mil, segundo Susi Yu, vice-presidente sênior de desenvolvimento comercial e
residencial da Forest City Ratner Companies. "As pessoas que querem essas
vistas não vão morar num edifício com layout convencional. Elas buscam espaços
singulares", disse.
Mitch
Draizin e Philippe Brugère-Trélat pediram a Noble Black, vice-presidente sênior
do Corcoran Group, que encontrasse para eles um "ninho de águia" no
East Side. "Muitos apartamentos em Nova York dão de frente para uma parede
de tijolos", explicou Brugère-Trélat.
Quando
Noble sugeriu a visita a um apartamento no 63° andar do edifício Trump World
Tower, perto do Central Park, eles hesitaram. Mas foi amor à primeira vista.
Eles criaram uma área de "living" dominada por um paredão de 12
metros de janelas.
"É
quase como estar em um avião", comentou Brugère-Trélat. "Meu único
medo é que uma falta de luz deixe os elevadores inoperantes."
Dmitri
Siegel vive no 60° andar do edifício 8 Spruce Street e não compartilha esse
receio.
Além
de vistas do porto, dos rios, das pontes e da paisagem de Nova York, ele
descobriu uma vantagem adicional: a escada interna do prédio de 76 andares. Ele
a sobe cinco vezes por semana para se exercitar.
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