terça-feira, 11 de junho de 2013

Por ROBIN FINN

Cresce procura por apartamentos "nas nuvens"

Enquanto alguns urbanoides negociam a paz com a dinâmica hiperacelerada de Nova York, outros escapam dela sem sair da cidade. A estratégia usada é um estilo de vida agressivamente vertical, que vem sendo facilitado por construtoras imobiliárias.

Os compradores que podem arcar com os preços de apartamentos situados nas nuvens disputam a tapas os espaços nos pontos mais altos da cidade. Vista dessa altura, Nova York é pitoresca. Há vistas deslumbrantes, além de uma vantagem que não existe no nível da rua: o silêncio.

Os adicionais de preço pagos por altura frequentemente são da ordem de 1% a 2% a mais por cada piso ascendente. Os preços podem subir entre 10% e 30% no caso de apartamentos mais altos que as copas das árvores do Central Park ou que os edifícios vizinhos. De acordo com Michael Vargas, executivo-chefe da Vanderbilt Appraisal, é de praxe acrescentar um adicional de 10% "se existem vistas especiais que melhoram à medida que você vai subindo de andar no edifício".

O que os nova-iorquinos mais valorizam num apartamento? Altura, luz natural e vistas abertas. "Uma bela vista é algo que nunca sai de moda. Paz e silêncio também não", comentou Chandra Tyler, corretora imobiliária da Bellmarc Realty.

Agindo por impulso, um cliente dela, Ezra Sharon, pôs à venda por US$ 2,25 milhões seu apartamento de cobertura e dois quartos, com deslumbrante terraço aberto de 93 metros quadrados. Mas, assim que chegou uma oferta razoável, o cliente subiu o preço pedido para US$ 2,49 milhões.

"Acho que ele é realmente 'viciado' na altura e na vista", disse a corretora. O apartamento de cobertura acabou sendo tirado do mercado. "Num dia bonito, posso ver cinco pontes, o Central Park e o rio East", comentou Sharon. "Num dia nublado, a vista desaparece e você sente como se estivesse num avião. Viver aqui tem sido a realização de um sonho. "

Daria Salusbury, vice-presidente sênior de leasing de imóveis de luxo na Related Companies -cujo edifício One MiMA Tower é perfeito para os fãs do chamado estilo de vida vertical-, comentou: "As vistas como as que se tem de um avião são a nova onda do futuro residencial".

O paisagista Andrew Vogel e o dermatologista Donald Savitz possuem uma casa em Bedford, no Estado de Nova York, onde passam os fins de semana. Dois anos atrás, eles alugaram um apartamento pequeno de dois quartos no Midtown para ficarem durante o resto da semana.

Situado no 47° andar, o apartamento tinha vistas surpreendentes que os levaram a querer mais. O edifício que mais os fascinou foi o One MiMA Tower, no West Side de Manhattan.

"Quanto mais alto subíamos, mais gostávamos", contou Vogel. "Entramos no apartamento e as vistas para o leste, o sul e o oeste eram literalmente de tirar o fôlego. Acho que nos apaixonamos pelos azuis: o céu e os rios."

Vogel contou que, do apartamento deles, no 55° andar, "vemos a Estátua da Liberdade, o edifício Empire State, o rio Hudson e até uma parte do Central Park. Vemos as tempestades chegando de Nova Jersey. É um apartamento incrível. Quando não estamos lá, sinto falta dele."

Os dois pagam US$ 23 mil mensais de aluguel e estão prevendo uma mudança permanente. "O grande problema", explicou Vogel, "é que, quando formos comprar, não vamos querer ir para um andar mais baixo".

Um edifício situado no endereço 8 Spruce Street, em Lower Manhattan, também conhecido como New York by Gehry, é hoje o edifício residencial ocupado mais alto da cidade, com 76 andares.

Os aluguéis mensais dos três apartamentos de cobertura custam a partir de US$ 25 mil, segundo Susi Yu, vice-presidente sênior de desenvolvimento comercial e residencial da Forest City Ratner Companies. "As pessoas que querem essas vistas não vão morar num edifício com layout convencional. Elas buscam espaços singulares", disse.

Mitch Draizin e Philippe Brugère-Trélat pediram a Noble Black, vice-presidente sênior do Corcoran Group, que encontrasse para eles um "ninho de águia" no East Side. "Muitos apartamentos em Nova York dão de frente para uma parede de tijolos", explicou Brugère-Trélat.

Quando Noble sugeriu a visita a um apartamento no 63° andar do edifício Trump World Tower, perto do Central Park, eles hesitaram. Mas foi amor à primeira vista. Eles criaram uma área de "living" dominada por um paredão de 12 metros de janelas.

"É quase como estar em um avião", comentou Brugère-Trélat. "Meu único medo é que uma falta de luz deixe os elevadores inoperantes."

Dmitri Siegel vive no 60° andar do edifício 8 Spruce Street e não compartilha esse receio.


Além de vistas do porto, dos rios, das pontes e da paisagem de Nova York, ele descobriu uma vantagem adicional: a escada interna do prédio de 76 andares. Ele a sobe cinco vezes por semana para se exercitar.

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