terça-feira, 11 de junho de 2013


11 de junho de 2013 | N° 17459
DAVID COIMBRA

O livro do Inter

Ovelho jornalista Cláudio Dienstmann concluiu aquele que talvez seja o mais completo livro já escrito sobre a história do Inter. Li alguns trechos. Trata-se do produto de paciente pesquisa feita durante 10 anos pelo Claudião, ele que foi repórter especial de Zero Hora e assessor do Inter. Os fatos relatados no livro foram colhidos em atas de reuniões do conselho, jornais, livros e cartas dos fundadores do clube. Há algumas belas novidades. Falta, apenas, um editor esperto que se interesse em publicar a obra. Abaixo, reproduzo, para seu deleite, três partes do trabalho do Claudião:

1. A Fundação

Três jovens comerciantes vindos de São Paulo, rejeitados por outros times de futebol de Porto Alegre, resolveram fundar o seu próprio clube. Henrique Poppe Leão, José Poppe e Luiz Madeira Poppe convidaram os amigos para uma reunião na noite de 4 de abril de 1909, um domingo. Foi no porão da casa dos pais de João Leopoldo Seferin, na Rua da Redenção 141 (depois Avenida João Pessoa, mais tarde número 211, hoje 1025, prédio residencial (...).

Eram esperados 22 fundadores para criar o Inter – suficientes para formar dois times e fazer jogos internos. Apareceram 40. Alguns estavam apenas passando, e resolveram entrar atraídos pelo movimento. Seferin e os Poppe tiveram que sair pela vizinhança pedindo cadeiras emprestadas.

2. O Nome

O nome foi copiado do Internacional que já existia em São Paulo (o time dos Poppe), e as cores escolhidas foram o vermelho e o branco, do bloco carnavalesco Os Venezianos, superando em presenças o verde Esmeralda –, cujos componentes, liderados por Pantaleão Gonçalves de Oliveira, saíram indignados e sem assinar a ata (o que não impediu a escolha de Pantaleão para a vice-presidência).

3. O Primeiro Campo

No dia 22 de agosto de 1909, o presidente honorário do Inter, capitão Graciliano de Faria Ortiz, secretário da Limpeza Pública de Porto Alegre e sub-prefeito da Azenha, cedeu ao clube o empréstimo do seu primeiro campo, na Ilhota, na junção dos arroios Dilúvio e Cascatinha – e o secretário do clube, Antenor Lemos, em ofício que o capitão fez questão de guardar, pediu na maior cara de pau que ele aumentasse essa generosidade e mandasse também capinar o local. Ali – hoje a Praça Sport Club Internacional, entre o Colégio Protásio Alves e o Hospital Porto Alegre – o clube realizou apenas jogos internos (treinos), entre primeiro e segundo quadros. Com qualquer chuva o campo alagava.

Questão de espaço

O livro do Claudião passa rapidamente por um detalhe que é desconhecido pela maioria dos que se interessam pela história dos clubes da Capital, mas que é fundamental: naquele tempo, os clubes eram fundados para que seus sócios jogassem futebol ENTRE ELES. Os jogos contra adversários externos eram raríssimos.

Havia só dois clubes de futebol na cidade, o Grêmio e o Fussball, fundados no mesmo dia, por influência de uma excursão do Rio Grande a Porto Alegre uma semana antes. Os dois, Grêmio e Fussball, enfrentavam-se apenas uma vez por ano.

No resto da temporada, apenas faziam partidas entre equipes do mesmo clube. É por isso que os Poppe não foram aceitos pelo Grêmio e pelo Fussball: porque, se eles entrassem, alguém ficaria sem jogar. Quer dizer: não houve demérito na recusa dos Poppe pelos clubes mais antigos. Foi só questão de espaço.

Não tenho nenhuma dúvida de que:

1. Guilherme Biteco tem de ser titular no Grêmio. Ele dá movimentação e agressividade ao meio-campo. Biteco tem de entrar. Quem vai sair é o menor problema.

2.Vender Fred, Fabrício e Moledo para ficar com Damião não é um bom negócio: é ótimo. Defensores e meias de contenção você encontra pendurados aos cachos nos estádios. Centroavante goleador é um diamante raro.


3. Hernanes tem de ser um dos armadores da Seleção. Um tripé com Fernando, Paulinho e Hernanes, mais Oscar na frente deles, será a espinha dorsal do time. Será a base, talvez, para ser campeão.

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