segunda-feira, 10 de junho de 2013


10 de junho de 2013 | N° 17458
PAULO SANT’ANA

Mais ou menos

Sobre a expressão “mais ou menos”, muito usada em nosso meio e salientada por coluna minha na semana passada, recebo uma mensagem sensacional de um promotor público aposentado. É tão deliciosa e, como é real e verdadeira, não poderia furtar meus leitores e leitoras dela.

Ei-la:

“Caro Sant’Ana. Lendo sua coluna de hoje relembrei um caso singular que presenciei muitos anos atrás, quando estava em discussão a possibilidade de uma coisa – ou um acontecimento – ser ‘mais ou menos’. É de atentar que ‘não é bem assim’ é a evasiva quando a pergunta vem agregada de uma afirmação; a indagações puras cabe o ‘mais ou menos’.

Pois bem: eu era promotor de Justiça em Campo Bom e trabalhava com um juiz muito inteligente e perspicaz. Era uma audiência de interrogatório; o réu, um jovem, era acusado de estupro com violência presumida; segundo a denúncia, havia transado com a namorada menor de 14 anos; com o consentimento dela, é claro, mas um consentimento que, naquela circunstância, não tinha validade. O interrogatório, naquela época, era o primeiro ato do processo.

O magistrado foi logo perguntando ao jovem réu: ‘O senhor manteve relações sexuais com sua namorada?’. A resposta foi pronta: ‘Mais ou menos’.

Surpreso com a inusitada resposta, o juiz foi adiante: ‘Diz aqui que o senhor, no tal dia, transou com a moça lá na casa dela. Isso é verdade?’. ‘Mais ou menos’, disse o réu.

O magistrado não desistiu: ‘Entre o senhor e sua namorada houve ato sexual? Houve conjunção carnal? Vuco-vuco?’. ‘Mais ou menos’, respondeu o réu.

‘Houve penetração, meu filho?’, indagou o juiz. ‘Mais ou menos’, referiu o réu.

Foi quando então o juiz, depois de refletir por alguns instantes, e perplexo com aquela enxurrada de ‘mais ou menos’, lascou: ‘O senhor ejaculou naquele dia?’. ‘MAIS OU MENOS’, disse o jovem outra vez.

O juiz então teve uma crise: ‘Não minta, meu rapaz. Tudo pode ser mais ou menos, mas ejacular não há como. Ou ejaculou ou não ejaculou’.

A verdade só então se assomou inteira: aquele jovem havia realmente tentado transar com a namoradinha, mas falhara miseravelmente, não conseguindo por isso consumar o ato. E estava com vergonha de negar o crime sob esse fundamento (crime impossível naquela circunstância).

Aprendi naquele dia duas coisas: 1) pior que brochar é ser processado depois disso e ter de confessar para ser absolvido; e 2) tudo pode ser ‘mais ou menos’, salvo ejacular, no caso dos homens, e – dizem – ficar grávida no caso das mulheres.

Abraço do (ass.) José Fernando Gonzalez , promotor de Justiça aposentado.”

Um dia antes do jogo contra o Vitória, escrevi que Elano não pode ser poupado como pretende e já o fez Luxemburgo.

Depois do jogo, Elano deu extensa entrevista me dando inteira razão: tem apenas 31 anos e está em ótima forma física. Acrescentou ainda Elano que obedece a Luxemburgo, mas se surpreendeu ao ficar no banco.

Mais esta: eu escrevo e os alvos da minha coluna me dão um dia depois inteira razão. E depois eu não tenho de ficar orgulhoso! E que história é essa de poupar o Elano, se ele vai descansar 20 dias durante a Copa das Confederações, que paralisará o Brasileirão?

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