
31
de março de 2015 | N° 18118
FABRÍCIO
CARPINEJAR
Meu sonho é casar na
igreja
Sou
sério, assumo minhas decisões, não sou inconsequente. Sofro porque sou sério. A
falta de seriedade traz a leviandade, não é o meu exemplo.
Não
há maior loucura do que casar-se com consciência de que se está casando, não há
maior loucura do que a responsabilidade, do que desejar o casamento e segurar
um projeto com os dentes e as palavras, por mais que a pressa crie
desconfiança.
Nunca
me casei na igreja, este é o meu sonho. Eu me guardo para este sonho. Eu luto
por este sonho.
Fazer
sem pensar é inconsequência. Fazer pensando é compromisso. Eu me comprometo
comigo.
Penso
rápido, mas penso. Penso com devoção. Ideias guardadas apenas envelhecem, não
são como o vinho, não melhoram com os anos. Realizo enquanto tenho condições de
realizar, ainda que imperfeito. Não adianta se conscientizar dos atos e do que
seria melhor tarde demais. O que vejo de gente se arrependendo quando não pode
mais consertar nada. O perdão se come quente, com o prato fumegando.
Não
agirei bêbado e colocarei a culpa na bebida. Não agirei desesperado e colocarei
a culpa na carência. Agirei porque quis. Enquanto é hora.
Se
errei, se não deu certo, fui eu mesmo que escolhi o meu destino. O destino é
meu de qualquer jeito, acertando e falhando.
Se
fui enganado, se fui desamado, era um risco que corria. Minha vida não é
comprada, não ganharei nenhuma luta por antecedência.
Pugilista
ou poeta não pode reclamar de sangrar e apanhar. Não pode lamentar os hematomas,
não pode protestar por injustiça, não pode praguejar o ringue.
É da
minha natureza confiar no amor e confiar mesmo depois que a pessoa já provou o
contrário. E confiar de novo e confiar mais uma vez diante da repetição do erro
até que o outro aprenda o que é confiança.
A
fragilidade é fortaleza. A vulnerabilidade é lealdade.
Quando
o destino não me ajuda, fecho a guarda e sigo pela contagem dos pontos. Não
abandono o meu coração.
O
sofrimento é meu e também é parte da paixão. Não tenho como não sofrer quando
me entrego. Não sei o que minha companhia é capaz de oferecer.
Garanto
minhas intenções, mostro quem sou desde o início. Não encampo propaganda
enganosa, ninguém descobrirá alguém diferente dentro de mim daqui a um tempo.
Sou
monótono de tão passional, sou previsível de tão disposto, pois não mudo minha
intensidade.
Caráter
é como falamos a verdade mesmo quando não nos beneficia.
Ao
morar junto em três dias ou três meses, estou sabendo que será por toda a vida.
É o que espero até o último beijo. Ou até a consagração do altar.










“Liberal” quer dizer mais de uma coisa, bem sei, a
depender do contexto da conversa. Décio Freitas, figura que tanta falta faz no
comentário político sutil e profundo, gostava de falar da tradição “iliberal”
no pensamento e na prática política do Rio Grande do Sul, com frutos projetados
para todo o país. Iliberal quer dizer autoritário, pouco amante das liberdades,
alguém capaz de sacrificar a liberdade pela busca da igualdade.
Lá pelos 11 anos, quando as glândulas sudoríparas
resolveram anunciar ao mundo minha entrada na puberdade, tive, como todo
garoto, que escolher um desodorante. Entre as figuras masculinas mais próximas
havia duas opções.
Se me colocassem diante dos delatores que roubavam na
Petrobras e dos presos que ainda negam que estivessem roubando, eu desprezaria
uma conversa com o Cerveró, o Costa, o Fernando Baiano, o Duque e os
empreiteiros.