sábado, 21 de junho de 2008



21 de junho de 2008
N° 15639 - Moacyr Scliar


O que fazer com o estresse?

Não há dúvida de que a palavra estresse, aportuguesamento do inglês stress, entrou na linguagem popular.

E stress, por sua vez, passou a integrar o vocabulário da medicina quando, em 1936, o pesquisador Hans Selye (húngaro de nascimento, mas residente no Canadá) publicou um artigo sobre o que acontece quando o organismo enfrenta um desafio ou um risco inesperados: uma doença, esforço físico demasiado, falta de alimento, infecção.

Há uma fase de alarme, com alterações imunitárias e hormonais, seguida por uma fase de adaptação. Para a maioria das pessoas, o estresse não tem este sentido. Significa antes sobrecarga emocional.

Quando alguém diz que está "estressado", entendemos que está preocupado, nervoso. E há muita gente estressada ao nosso redor. O que levanta uma questão: como é que a gente lida com o estresse?

Uma causa freqüente de estresse é a ameaça da doença, algo que se agrava à medida que a pessoa vai envelhecendo. Aí são freqüentes as dores, as limitações orgânicas e as enfermidades propriamente ditas. Sintomas inquietantes, aos quais as pessoas reagem de duas maneiras básicas, negando ("Não é nada, vai passar") ou enfrentando ("Tenho de ver o que é isso").

Dois pesquisadores, Carsten Wrosch, da Concordia University, em Montreal, e Richard Schulz, da Universidade de Pittsburgh, decidiram estudar o que acontecia com as pessoas em cada um desses dois grupos.

E os resultados, publicados na revista Psychological Science, foram muito reveladores. Aquelas pessoas que tentavam ignorar os sintomas tinham, dois anos depois, em média, duas doenças a mais, quando comparadas com as pessoas que iam em busca de ajuda.

Várias dessas doenças estavam relacionadas às alterações hormonais desencadeadas pelo estresse. Mas, observam os pesquisadores, é preciso agir a tempo, naquela "janela de oportunidade" que existe entre o começo do problema e o agravamento do mesmo.

Nos seus estudos sobre estresse, Hans Selye lembrou que os animais reagem às ameaças dentro do binômio luta ou fuga. Se dá para enfrentar, eles lutam. Se não dá, eles fogem, e a fuga aí é uma coisa normal, sadia.

Mas negação não é a mesma coisa que fuga. A negação não resolve problema nenhum, ela equivale a varrer a sujeira para debaixo do tapete. Os sintomas podem indicar alguma coisa errada dentro do corpo, e do próprio corpo ninguém pode fugir. O melhor é encarar.

Nem sempre o estresse é negativo. Freqüentemente, ele funciona como uma advertência para que tomemos uma providência. Isto vale para os problemas orgânicos e para os emocionais. Se estamos estressados, talvez seja bom revisar o nosso estilo de vida, antes que ele se transforme em causa de doença.

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