sexta-feira, 13 de junho de 2008



13 de junho de 2008
N° 15631 - Paulo Sant'ana


Estourou no ex-apenado

Assim como o caso é contado, estará havendo hoje uma demissão injusta de um funcionário público que exerce cargo de comissão no gabinete da governadora Yeda Crusius.

Revela-se que por pressão de um integrante da bancada do PT na Assembléia Legislativa, deputado Dionilso Marcon, o governo publicará hoje a demissão de um funcionário por ele contar com uma extensa folha criminal, tendo já cometido os crimes de tráfico de entorpecente e estelionato, entre outros.

Mas bem, o funcionário já cumpriu a sua pena, está em liberdade condicional ou em regime aberto, talvez solto em definitivo, nada impede que ele exerça cargo de confiança no governo.

A menos que ele estivesse ainda delinqüindo, mesmo lotado no gabinete da governadora, a sua demissão agora atenta contra um dos princípios que regem a pena no Direito Penal: o da regeneração do apenado e a sua reinserção no meio social.

Ora, se os próprios poderes desestimulam a recuperação de ex-detentos, afastando um ex-apenado do serviço público somente pelo seu passado criminoso, afirmando o deputado Dionilso Marcon que a governadora tem de zelar pela imagem do seu gabinete, não podendo contratar quem já foi criminoso, trata-se de uma perseguição iníqua e incabível.

Quem já foi criminoso e preso, nem por isso perde a sua cidadania, se fosse fazer concurso público, este ex-apenado deveria ser recusado na admissão por não poder apresentar folha corrida criminal.

Restava a ele somente ser admitido em função de confiança, o que aconteceu.

Demiti-lo, como, parece, a governadora decidiu, pressionada politicamente pela crise que o governo enfrenta, é ato injusto e desanimador, em face de que há um apelo constante para que as empresas concedam vagas para ex-apenados, no sentido de recuperá-los para a vida normal.

E o governo não? Demitido, a esse ex-detento, ao que tudo indica, embora não se deseje isso, resta somente voltar ao crime para garantir o seu sustento.

Se as circunstâncias deste fato são somente as divulgadas, se não há nada que manche atualmente a vida desse ex-apenado, este homem está sendo vítima de uma crueldade, abatido pela crise política vigorante, quando é imperativo para a sociedade acolhê-lo de volta no seu seio pela vida no trabalho, que ele escolheu e da qual é agora afastado violentamente.

Custo a acreditar que alguém seja penalizado por ter-se entregue ao trabalho.

Custo a crer. Quem deve estar eufórico é o produtor de arroz. Só no mês passado, o produto teve a alta de 19,75%. Quase 20% de alta em um mês.

Como os brasileiros de todas as classes se alimentam com arroz, o cereal está castigando os bolsos da cidadania.

Dizem os economistas que o mercado interno do arroz está refletido no mercado externo, que está sendo pressionado pelo aumento do consumo de arroz nos países asiáticos e no Leste Europeu, ao mesmo tempo em que há escassez do produto no mundo.

Além disso, foi colhida este ano uma safra de 12 milhões de toneladas, insuficientes sequer para o consumo nacional, estimado em 13 milhões de toneladas.

O aumento do arroz foi tão brutal em maio, que significou 10 vezes mais do que subiu o produto em abril (1,96%), algo desastroso para a bolsa popular. Os novos aumentos de maio atingiram também o pão francês, que já tinha sido aumentado em 7,33% em abril e agora subiu mais 4,74%.

Da mesma forma, as carnes, que haviam subido 1,35% em abril, tiveram em maio a expressiva alta de 3,45%

Pior, a alta dos alimentos é generalizada e não dá sinais de que vá se acalmar nos próximos meses.

Como os preços gerais estão aumentando verticalmente, as tarifas bancárias chegam a aterrorizar, havendo aumentos de até 433% (uma renovação de cadastro passou de R$ 9 para R$ 48), será que estamos mergulhando na espiral inflacionária que nos dizimou anos atrás?

Livre-nos Deus daquele flagelo.

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