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quinta-feira, 12 de junho de 2008
Com açúcar e com afeto
Comédia romântica muda a fórmula, mas preserva ainda o seu encantoA fórmula da comédia romântica perfeita é perseguida desde quando o gênero atendia pelo nome comédia de costumes.
Em um campo delimitado por um receituário básico, brilham os que conseguem fazer funcionar uma engrenagem que se sustenta sobre um bom roteiro, é pilotada por um diretor seguro e protagonizada por atores carismáticos.
As primeiras comédias românticas a marcarem época traziam como grande inovação heroínas que representavam o novo perfil da mulher na sociedade.
Em Aconteceu Naquela Noite (1934), de Frank Capra, Claudette Colbert interpreta uma jovem rica e mimada que foge de casa para encontrar o marido com quem se casou em segredo. No ônibus rumo a Nova York, ela conhece um charmoso jornalista (Clark Gable). Eles passam a viagem inteira se implicando até descobrirem que nasceram um para o outro - argumento que norteia as comédias românticas até hoje.
Outro título inesquecível é Levada da Breca (1938), de Howard Hawks. Katharine Hepburn, imagem clássica da jovem determinada e emancipada nas telas, vive a bela herdeira que não sossega até ter em seus braços um paleontólogo (Cary Grant) com casamento marcado com outra.
Esse modelo da menina maluquinha, que se impõe diante de um galã meio bocó, Katharine repetiu no mesmo ano em Boêmio Encantador, de George Cukor, outra vez em parceria com Grant.
Quando a censura do Código Hays (1934 - 1967) foi imposta para zelar pela moral e bons costumes de Hollywood, foi a vez de brilhar o talento de nomes como Billy Wilder, que disfarçavam na qualidade do texto a voltagem de polêmica e erotismo que em mãos menos habilidosas seriam barradas.
Realizador do charmoso Sabrina (1954), com Audrey Hepburn encarnando outro extremo de heroína do gênero, a Cinderela de carne e osso, Wilder, mesmo sob intensa vigilância dos censores, apresentou em O Pecado Mora ao Lado (1995) o sufoco enfrentado por um homem casado (Tom Ewell) que descobre ser vizinho da espetacular Marilyn Monroe.
O marco recente no gênero foi estabelecido com Harry e Sally - Feitos um para o Outro (1989), de Rob Reiner, com Meg Ryan e Billy Crystal.
O filme que fez da atriz o rosto preferido das comédias românticas nas décadas seguintes descreve de forma saborosa uma história de amor em que os protagonistas buscam por anos a alma gêmea que sempre esteve ao seu lado.
Um grande sucesso contemporâneo veio da Inglaterra: Quatro Casamentos e um Funeral (1994), filme de Mike Newell estrelado por Hugh Grant e Andie MacDowell que abriu o filão das comédias românticas temperadas pelo humor britânico, aquele marcado pela sutil ferocidade.
Sinal dos tempos de maior longevidade, a terceira idade também passou a ser contemplada, em produções como Alguém Tem que Ceder, com Jack Nicholson e Diane Keaton, e o terno longa espanhol Elsa e Fred. Apesar de não ser o forte de sua produção, o Brasil entra na lista com dois bons representantes.
O sempre atual Todas as Mulheres do Mundo (1967), de Domingos Oliveira, e o grande sucesso de bilheteria Se Eu Fosse Você (2006), de Daniel Filho.
MARCELO PERRONE
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