segunda-feira, 30 de junho de 2008



Sex and the city: o filme e a vida

Há alguns anos, num sábado à noite, possivelmente teria entrado no Cine Vogue ou no Bristol para assistir a algum daqueles filmes tipo cabeça do Glauber, Bergman, Antonioni, Fellini, Saura, Woody Allen ou Orson Welles. Sábado passado escolhi Sex and the City: o Filme, num cine de shopping.

Já conhecia as quatro balzacas chiques e suas histórias nova-iorquinas, do famoso seriado da televisão. Sabia mais ou menos o que me esperava. Entrei consciente e feliz. Nova Iorque segue como a grande personagem do cinema norte-americano, Woody Allen que o diga, com um jazz básico ao fundo.

Se dessem um Oscar de melhor atriz para Nova Iorque, provavelmente ela pediria que trouxessem a estatueta da Califórnia e a entregassem no domingo de manhã, às onze e meia, no brunch do Hotel Plaza.

Não tem pra ninguém mesmo: a Big Apple é o centro e a síntese do mundo atual. Moda, comportamento, idéias, política, gastronomia, grana alta, turismo, é tudo lá. O filme se divide entre frivolidades e seriedades, como costuma acontecer nas boas comédias românticas americanas.

É filme para sábado à noite mesmo, quando a maioria de nós está com a cabeça e outras partes do corpo lotadas de preocupações, cansaços e necessitando de um entretenimentozinho simpático que traga bom humor e uma mensagem light para a vida.

E daí que o filme é meio superficial? E daí que é feminista demais e trata os homens daquele jeito? E daí que a grana e as grifes roubam as cenas e brilham mais do que os olhos da Sarah Jessica Parker?

Nada contra profundidades shakesperianas, mergulhos bergmanianos abissais nas almas ou arrastados dramas de filmes iranianos, que a gente pode assistir numa quarta-feira de noite, na Casa de Cultura Mario Quintana ou no Guion.

Tudo vale, tudo tem sua hora. Sex and the City nos mostra, como disse alguém, que a vida é uma graça triste, mas que pode até ter final feliz.

Mostra que para se casar bem ou estar em paz num domingo de noite não é preciso usar Prada, roupa de cinco mil dólares ou jóia de dois mil euros.

O mundo é isso aí mesmo: todo mundo querendo ser magro, famoso, elegante, fashion, podre de rico e acompanhado, claro, de muitos piolhos de rico. Os piolhos, de preferência, também devem vestir grifes, para combinar.

Piolho fashion, mas sucinto, para não roubar a cena dos riquinhos. Finalizo com o saber leve-profundo do grande pensador social Ibrahim Sued: panteras e panterinhas, ademã que eu vou em frente, tomar umas champanhotas, que cavalo não desce escada, de leve, sorry periferia...

Jaime Cimenti - Ótima segunda-feira e uma excelente semana, esta que dá início a julho/2008 e finda o mês de junho

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