segunda-feira, 23 de junho de 2008



Eterno Moinhos

Sempre quis morar no Moinhos de Vento. Freqüentava o Joe's, o Ribs e o Yellow's quando adolescente, traçava cheese-burgers, tomava milk-shakes e outras bebidas e sabia que, um dia, habitaria por lá.

Nos mudamos, eu, Helena e Laura, para cá, em 1990. Marina nasceu no Hospital Moinhos de Vento, onde tinha nascido Laura. Vivemos num apartamento em frente ao Leopoldina Juvenil até 2007, quando nos transferimos para um apartamento na Barão de Santo Ângelo.

Lá pelo final dos anos 1990, pensei que o bairro tinha chegado ao seu ponto máximo, que de lá para diante poderia dar para trás, que outros bairros, como a Bela Vista, eram o futuro.

Daí o velho boulevard mostrou que eu e muitos outros estávamos redondamente enganados. Surgimento do Moinhos Shopping e do Sheraton, revitalização da Praça Maurício, nascimento do Café do Porto, da Cacaia Bestetti, do Jazz Café, do Dirceu Russi e do Azteca, do Ricardo Koeche, novos cuidados ao Parcão, inovações no Leopoldina e no União, construção de prédios residenciais e comerciais e muita coisa mais deram novos horizontes para uma parte da cidade onde o passado, o presente e o futuro convivem em elegante harmonia.

Ao lado de vários aspectos high-tech, o Moinhos tem patrimônios históricos tombados e listados e uma ativa associação de bairro, presidida pelo abnegado e incansável Raul Agostini, que luta para permitir que a qualidade de vida seja mantida e para que todos os porto-alegrenses possam contar, do melhor modo possível, com serviços, comércio, passeios e eventos sociais e culturais que o bairro oferece diariamente.

Claro que é bom que a cidade cresça para o Norte, o Sul, o Leste e o Oeste, com novos e bons espaços, mas é bom saber que o Moinhos, uma das melhores sínteses de Porto Alegre, estará sempre vivo, vibrante, eterno, esperando por todos com cafés, restaurantes, bares, conversas, convívio e ruas aconchegantes como as casas das antigas (e novas) vovós.

O importante, o fundamental, é mantê-lo limpo, preservado, cuidado, arborizado, florido e tão seguro e silencioso quanto possível.

E sempre todos devemos estar de olho na melhor maneira de preservar a coexistência feliz entre as ocupações residenciais, comerciais, profissionais e de lazer do bairro.

Assim o Moinhos seguirá eterno e dinâmico como os ventos, as águas e garças da Hidráulica e o lago do Parcão.

E seguirá recebendo com dignidade, sabedoria e alegria a pátina do tempo que vai pousando, delicada, nos antigos e novos telhados e abençoando os bebês que nascem no legendário Hospital Moinhos de Vento e que vão, com certeza, cuidar do bairro no amanhã.

Jaime Cimenti - ótima segunda feira e uma excelente semana para todos nós.

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