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sábado, 21 de junho de 2008
21 de junho de 2008
N° 15639 - Paulo Sant'ana
Música no teatro e na vizinhança
Como tem gente trabalhando pelas causas sociais! É o caso do movimento Chega de Violência, que fará realizar amanhã, às 19h, um recital espetacular do pianista Miguel Proença no Teatro do Sesi.
O concerto constará de obras de Johannes Brahms, Heitor Villa-Lobos e Chopin.
E será em benefício da causa da segurança pública gaúcha. O Chega de Violência teve importante atuação na mobilização para aprovação da lei que possibilitou fosse a Guarda Municipal armada e em outras iniciativas em favor da área da segurança.
Agora, o concerto de amanhã de Miguel Proença reverterá a arrecadação para aquisição de coletes à prova de bala para a Brigada Militar, depois que o mesmo material foi doado à Polícia Civil através de recursos obtidos em 2007.
Isto é gente que trabalha e age. E merece todos os aplausos.
Recebo de uma colega jornalista e também escritora o segundo protesto da semana contra poluição sonora que inferniza a vida das pessoas:
"SantAna, caro e valoroso colega, li hoje tua Voz das ruas e senti uma grande esperança. Preciso que alguém me escute. Por favor, me ajuda. Isso aqui, como tudo neste Estado, virou terra de ninguém e não agüento mais.
Moro há 22 anos na Rua Marquês do Herval, no Moinhos de Vento. Há três anos, decidi sair da Redação da nossa Zero Hora e trabalhar com literatura: escrevo livros, resenhas e dou aulas em minha casa. Foi uma decisão muito difícil, mas necessária. Minha vida parecia se encaminhar bem.
O detalhe sórdido começa aqui. Sou vizinha da sede Moinhos de Vento do Grêmio Náutico União, que há anos incomoda o bairro com potentes emissões sonoras por conta de competições esportivas, problema que está sendo disciplinado pelo Ministério Público junto à Secretaria Municipal do Meio Ambiente, graças a Deus.
Acontece que, em março, mais um problema surgiu: o União transferiu sua creche para uma casa ao lado da minha. Tudo porque, na sede do clube, onde funcionava a antiga creche, vão construir um estacionamento subterrâneo para 300 carros.
A creche, em menos de dois meses, arruinou minha vida e a dos meus animais de estimação (três cachorros e dois gatos). Como a recreação dos petizes se dá no pátio da casa, que é grudado ao meu escritório, e como são cerca de 70 crianças atendidas, tenho de aturar um inferno pior que o de Dante por oito horas diárias.
Não só gritam as crianças até a exaustão, como seus professores as estimulam, aos berros, auxiliados por aparelhagens de som ou por tambores e apitos. Não há limites.
A diretora da escola disse para eu parar de incomodar com meus pedidos de cooperação e me ameaçou com processos judiciais - como se eu fosse a contraventora, e não moradora.
O MP, que já cuida do problema da barulheira por causa das competições, me orientou no sentido de mover ação individual, que deve demorar para ser apreciada. O plano diretor já não diferencia zona residencial de zona comercial, e o vale-tudo grassa.
SantAna, eu não sei mais o que fazer. Não consigo mais trabalhar, meus bichos se tornaram inapetentes e inquietos, os pobrezinhos. Não bastasse tudo isso, nossos imóveis estão sendo desvalorizados.
Peço tua ajuda, porque sei que tua coluna é muitíssimo lida e que sensibiliza as pessoas. Quem sabe os pais desses alunos exijam que seus filhos se divirtam sem incomodar as pessoas e os bichos? Não pode haver consciência ambiental com a prevalência do direito ao comércio (ou de atividades ditas educadoras) sobre o direito de morar.
Eu queria um lugar para viver, mas vou ter que vender meus sonhos a preço de banana. Me ajuda, SantAna. Um grande e fraterno abraço. Bem apertado e cheio de esperança. PS: e, se quiseres, tenho sobejas provas gravadas. Horas de gritos. Chega a dar medo.
(ass.) Cíntia Moscovich, telefones 9976-8304 e 3061-6343 (cintiamoscovich@terra.com.br)".
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