09 de junho de 2013 | N°
17457
PAULO SANT’ANA
Cervejinha na igreja
Li em Zero Hora que o bispo da
diocese de Novo Hamburgo proibiu terminantemente o consumo de cerveja nas
festas de igreja nas paróquias que estão sob sua jurisdição.
Quero pedir ao citado bispo que
volte atrás depois de ler esta coluna e revogue a infeliz medida.
Uma das razões por que o bispo
proibiu a cerveja, sob protesto dos párocos que a ele estão sujeitos, é a de
que “os fiéis bebem cerveja e depois saem para dirigir os seus carros”.
Temos, então, que os governos
proibiram que se dirija embriagado, usando de um poder de Estado.
E vem o citado bispo, em nome do
poder clerical ou eclesiástico, também proibir cerveja nas festas de igreja. Ou
seja, o bispo se sentiu investido de um múnus proibitivo, inspirado nas leis de
trânsito.
Eu queria argumentar junto ao
bispo proibidor que uma coisa é proibir que se dirija embriagado, mas isso não
implica que se proíba de beber cerveja nos bares e nos restaurantes e nas
festas de igreja. A proibição é restrita ao ato de dirigir, não se pode proibir
em qualquer outra situação em que se beba cerveja. Se fosse assim, o mais
aconselhável seria que se proibisse de fabricar cerveja, ora bolas!
Os padres das igrejas adstritas
ao citado bispado protestaram energicamente pela proibição baixada pelo bispo
por dois motivos: os fiéis alegram mais as festas das igrejas quando bebem
cerveja e, principalmente, é do lucro com a venda de cervejas nas tendas e nos
bares das festas que os párocos garantem o sustento das paróquias. Queriam que
o padre fosse esmolar pelas esquinas para suprir seus gastos?
O bispo respondeu que não haverá
diferença, os fiéis beberão refrigerantes nas festas.
Na marcha antialcoólica em que
vai o ministério desse bispo, ele acabará proibindo que os sacerdotes, na
liturgia das missas, bebam vinho, o sangue de Cristo, só porque contém álcool.
O bispo dirá que, depois de proibido o vinho, no ritual das missas os padres
usem suco de uva.
Nunca ouvi dizer que os fiéis se
atracaram a facão ou promoveram tiroteios nas festas de igreja só porque bebem
cerveja.
Se eu fosse padre da diocese
desse bispo, eu não obedeceria a sua proibição, venderia cerveja ainda assim,
tão absurda é a medida diocesana. Não aconselho os padres a desobedecerem a
esse bispo, mas eu desobedeceria, em nome do bom senso e da sobrevivência das
paróquias, que muito vivem da renda de venda de cervejas nas suas festas.
E ainda mais brutal e incômoda se
torna a proibição do bispo porque ele teve o topete de proibir que se beba
cerveja em Novo Hamburgo, monumental contradição em terra de colônia alemã.
Igual disparate talvez só se se proibisse fumar nas ruas de Santa Cruz do Sul,
a Capital do Fumo.
Pelo amor às Sagradas Escrituras,
senhor bispo de Novo Hamburgo, revogue sua medida. Se o senhor revogá-la, eu
prometo que vou festejar a sua revogação convidando-o para comigo tomar uma
cervejinha.
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