07
de junho de 2013 | N° 17455
PAULO
SANT’ANA
Distribuição dos
médicos
Com
uma coisa todos nós concordamos, o governo, as entidades médicas e a sociedade:
os médicos brasileiros estão mal distribuídos.
Tanto
que não faltam médicos em Porto Alegre, em São Paulo e no Rio de Janeiro.
E o
Ministério da Saúde divulgou oficialmente que faltam 50 mil médicos no Brasil,
tanto que 4 mil prefeitos clamam para que o governo importe urgentemente 6 mil
médicos.
E
por que os médicos brasileiros estão mal distribuídos territorialmente?
Por
vários motivos, entre os quais o de que um médico nascido e formado em São
Paulo não há de querer mudar-se para o Acre para clinicar e operar lá. O médico
paulista quer trabalhar é em São Paulo, o mesmo com o gaúcho e o catarinense.
No
entanto, é fundamental que existam médicos em Roraima. Mas não existem. Nem
existem escolas de Medicina em Roraima que formem roraimenses. Então, têm de ir
para Roraima médicos que não são de lá. É tão simples esse raciocínio, que nem
sei por que me canso em expô-lo.
Pois
bem, como estão mal distribuídos demograficamente os médicos no Brasil, é
mister que se os distribuam melhor.
Por
isso é que 4 mil prefeitos e o Ministério da Saúde querem importar urgentemente
6 mil médicos estrangeiros.
Não
são só os prefeitos do Tocantins, do Acre e de Roraima, só para dar o exemplo
das bibocas que clamam por médicos, que querem a importação de médicos. Até os
prefeitos gaúchos os querem, anseiam por eles, tanto que o prefeito Fortunati
assinou o manifesto dos prefeitos que imploram pela importação de milhares de
médicos. Isso só para mostrar como estão mal distribuídos.
Se
eu fosse médico gaúcho, eu também não quereria trabalhar no Piauí. Só que os
médicos estrangeiros estão com um pé que é um leque para trabalhar no Pará e em
Mato Grosso, no meio da selva, senhores!
Então,
é urgente importá-los, nem de longe eles ameaçarão o prestígio e a carreira dos
médicos brasileiros, como erradamente pensam as entidades médicas daqui.
Fiquem
tranquilos os médicos brasileiros, seu lugar é garantido, sua carreira e seus
ganhos vão continuar promissores se forem importados os médicos estrangeiros.
Os médicos brasileiros nos prestam grandes serviços. Eu, por exemplo, só estou
vivo porque me mantêm vivos os médicos porto-alegrenses.
Não
sei, se eu vivesse no Amazonas, onde não há médicos, se estaria vivo.
Só
faltava dizerem que os médicos estrangeiros que serão importados não são
capazes. Só faltava dizerem essa bobagem.
Evidentemente,
serão importados médicos estrangeiros capazes e incapazes, como há médicos
brasileiros clinicando ou operando capazes e incapazes. Eu, por exemplo, tive
meu rosto desfigurado numa cirurgia por médico certamente incapaz. Por sinal,
foi provado em inquérito, que eu não provoquei, que ele era incapaz.
Então,
cada um na sua, vamos continuar contando com nossos queridos médicos. No
entanto, há brasileiros que precisam de médicos e não têm médicos. Isso
precisa imediatamente ser resolvido.
Para
isso, tem de se passar por cima do errático corporativismo não dos médicos mas
de suas entidades classistas.
Nenhum comentário:
Postar um comentário