07
de maio de 2012 | N° 17062
ARTIGOS
- Ivo Nesralla*
Inesquecível
Há cem
anos, nascia uma figura ímpar. Inesquecível a todos os que tiveram o prazer de
conhecê-lo pessoalmente e a todos os que acompanharam sua trajetória. Nasceu em
7 de maio de 1912 o professor Euryclides de Jesus Zerbini, E. J. Zerbini, como
gostava de ser citado, que foi, sem dúvida, um dos grandes vultos da medicina
brasileira. Suas contribuições à cirurgia torácica e à cirurgia cardiovascular,
bem como seu legado como professor e formador de opinião, garantem a ele um
lugar especial na nossa história.
Nascido
em Guaratinguetá, no Vale do Paraíba, foi o sexto filho, o caçula de Eugênio e
Ernestina Zerbini, ele italiano e ela argentina. Eugênio era professor e
cultivava de forma ostensiva a disciplina e a dedicação dos filhos aos estudos.
Zerbini cresceu nesse ambiente e estudou até o primeiro ano do 2º grau na sua
cidade natal. Com a transferência do pai para Campinas, completou em primeiro
lugar o então denominado curso Científico, como completou em primeiro lugar
todo o resto de sua vida.
Já cirurgião,
trabalhou no início da década de 60, um perío- do de grande efervescência na
cirurgia do coração que iniciava seus passos em nosso meio. Àquela época,
contavam-se nos dedos os cirurgiões cardíacos brasileiros e as operações eram
sempre desafiantes, para não dizer assustadoras.
A
necessidade de máquinas, tubos, conexões, fez com que o professor Zerbini
iniciasse a montagem da Oficina do Coração Artificial no porão do Hospital das
Clínicas de São Paulo, tendo como colaborador o já brilhante Adib Jatene. Foi lá
que se desenvolveram os equipamentos para circulação extracorpórea, que deu
enorme impulso à cirurgia cardíaca no Brasil.
Nesta
época, o dinâmico professor Zerbini decidiu que era muito importante divulgar a
cirurgia cardíaca no Brasil e na América do Sul. Aceitava convites de cidades
longínquas de nosso país ou do Exterior para fazer demonstrações cirúrgicas com
circulação extracorpórea e a ensinar muitos e muitos.
Tornou-se
figura pública em 1969, com a realização do primeiro transplante cardíaco da América
Latina.
Muitas
foram as oportunidades que tivemos de convívio, inclusive nas inúmeras visitas
dele a Porto Alegre, ao então iniciante Instituto de Cardiologia.
A
história da cirurgia cardíaca e a história médica de E.J. Zerbini se
entrecruzam e fica o maravilhoso exemplo de perseverança, competência e
humildade. Sua clássica frase é marcante de seu temperamento: “Nada vence a força
do trabalho”.
*CIRURGIÃO
CARDIOVASCULAR, DIRETOR-PRESIDENTE DO INSTITUTO DE CARDIOLOGIA DO RIO GRANDE DO
SUL
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