segunda-feira, 23 de dezembro de 2024

Após 223 dias da interdição da antiga estrutura, em 12 de maio, que colapsou com a força das águas do Rio Caí, a nova ponte na divisa dos municípios de Caxias do Sul e Nova Petrópolis, na BR-116, foi liberada para o fluxo de veículos e pedestres. A solenidade foi realizada neste sábado (21), entre 11h e 14h, com as presenças dos ministros Renan Filho, dos Transportes, e da Secretaria de Comunicação Social, Paulo Pimenta, do governador Eduardo Leite, os prefeitos de Caxias do Sul, Nova Petrópolis, Feliz e Bento Gonçalves, de deputados federais e estaduais, e representantes das comunidades de Vila Cristina e São José, onde a ponte está localizada.

A antiga ponte foi inaugurada em 9 de novembro de 1941, constituindo-se na principal rota de ligação entre Caxias do Sul e municípios da Região das Hortênsias. Na enchente de maio, a estrutura colapsou e precisou ser implodida, em 27 de junho, dando início a uma nova ponte. Com investimento de R$ 31 milhões, a obra foi coordenada pelo DNIT e realizada pela Construtora Cidade. Em razão da dimensão das enchentes de maio, a ponte é cerca de um metro mais alta, tem 180 metros de extensão e 13 de largura, medidas superiores às anteriores.

Representada por Ilse e Juceli, mãe e folha, a família Boschetti, que reside às margens do rio, foi homenageada. A propriedade serviu, ao longo deste período, como parque para colocação de máquinas e movimentação dos trabalhadores. Foi para Juceli que o ministro Renan Filho prometeu a entrega da ponte ainda em 2024. “Ela me olhou com ar de dúvida, como dizendo não acreditar”, recordou quando assinou a ordem de início das obras em 4 de junho.

O secretário Paulo Pimenta aproveitou a entrega para responder aos críticos que não acreditavam na entrega das obras pelo governo. “Ouvi muitas bobagens e mentiras. Previam o retorno do Aeroporto Salgado Filho para março do ano que vem, entregamos em outubro. Falaram que o Trensurb não voltaria mais. Na terça, 24, vamos entregar 100% da operação”, afirmou.

Também confirmou para a próxima semana a assinatura de acordo, pelo ministro das Cidades, Jader Barbalho Filho, de liberação de R$ 6,5 bilhões para a constituição do fundo de construção do sistema de proteção dos diques de contenção da Região Metropolitana de Porto Alegre. “Desde o primeiro dia da catástrofe, o governo federal ajudou na reconstrução, resultando em mais de 80 mil vidas salvas e mais de R$ 100 bilhões investidos”, frisou.

Ele rebateu a cobrança de que, até o momento, somente 58% do montante anunciado foi liberado. Segundo ele, é uma situação normal, similar ao que cada pessoa faz quando reforma ou constrói seu imóvel. “Ninguém paga 100% no início de uma obra, são pagamentos por etapas cumpridas. Temos mais de 1,2 mil planos de trabalho aprovados na Defesa Civil para pontes, casas, escolas e unidades de saúde, dentre outras. A União entrará com os recursos e o Estado e as prefeituras farão as obras”, acrescentou. Ainda citou que 45 mil empresas gaúchas obtiveram recursos com crédito barato e com 40% do valor financiado bancado pela União.
A entrega da ponte sobre o Rio Caí contou com presença de autoridades | Lucas Leffa/Secom-PR/Divulgação/JC
A entrega da ponte sobre o Rio Caí contou com presença de autoridadesLucas Leffa/Secom-PR/Divulgação/JC

O ministro Renan Filho assegurou que a ponte é primeira grande obra entregue como parte do processo da reconstrução. Anunciou para 2025 a aplicação de R$ 3 bilhões em obras de infraestrutura e transportes no Estado, considerando os recursos ordinários mais os destinados à reconstrução. “Este valor é seis vezes maior que o aplicado, de R$ 500 milhões, pelo governo federal anterior em seu último ano de governo”, ressaltou. Afirmou que, em 2023, a atual gestão destinou R$ 1,2 bilhão e, neste ano, será mais R$ 1,5 bilhão para obras no estado. Informou a liberação, por parte do Ministério da Fazenda, de mais R$ 1,2 bilhão para que a área de transportes pague todos os contratos vigentes e conclua obras em andamento.

Na mesma linha de Paulo Pimenta, criticou aqueles que estão mais interessados na divisão do que na soma de esforços para resolver os problemas. “Esta obra simboliza a integração. União, Estado, prefeituras e comunidades trabalharam em harmonia. Acredito ter sido a construção de ponte mais rápida feita pelo DNIT no estado”, destacou. Projetou entregar, em 2025, todas as obras ainda pendentes para reconstrução do estado, citando como prioridades as rodovias 116, na Serra e na Região Sul, 474 e 290. Também estimou para o primeiro trimestre do ano a entrega das obras de recuperação da BR-116, na altura do Km 180, iniciadas ainda em 2021, quando houve o desmoronamento em função de enchentes.

O governador Eduardo Leite reforçou a importância da cooperação entre os entes federativos para a reconstrução de infraestruturas vitais ao Estado e saudou a entrega da nova ponte. "É uma entrega muito importante. Essa região é polo industrial e também turístico. Então, a circulação na região, a partir desta ponte, melhora muito. Sabemos que ainda há dificuldades, como bloqueios parciais, mas é fundamental que a gente possa retomar o trânsito na ponte. Vamos trabalhar junto com o governo federal para que tenhamos, ao longo de 2025, o restabelecimento de cada um dos trechos que foram afetados pelas enchentes de maio”, assinalou.

Também destacou o anúncio de Paulo Pimenta para a constituição do fundo para obras de contenção de cheias. Segundo ele, já há vários projetos concluídos, só aguardando recursos. Citou, como exemplo, o de Eldorado do Sul, estimado em R$ 530 milhões.

Enquanto as obras da nova ponte estavam em andamento, a comunidade se uniu para construir uma passagem provisória. Denominada de Ponte da Cooperação, a estrutura foi entregue em 20 de setembro, tornando-se solução temporária para minimizar os transtornos causados pela interrupção da BR-116.

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