O exemplo argentino
Enquanto o Brasil prefere esquecer o passado - e, por consequência, repetir os erros -, a Argentina lembra, no ano que vem, os 40 anos do julgamento contra os membros das três juntas militares da última ditadura - história eternizada, em 2022, no filme Argentina, 1985.
Com sentença pronunciada em 9 de dezembro daquele ano, o chamado "Julgamento das Juntas" condenou cinco militares de alto escalão: Jorge Rafael Videla e Emilio Massera à prisão perpétua, Roberto Viola a 17 anos de prisão, Armando Lambruschini a oito anos, e Orlando Agosti a quatro. Omar Graffigna, Leopoldo Galtieri, Lami Dozo e Jorge Basílio Anaya foram absolvidos.
Nessas quatro décadas desde então, nossos vizinhos se tornaram exemplo mundial de justiça. Foi um dos poucos países que levaram seus tiranos a tribunais civis: mais de 1,2 mil repressores foram condenados em cerca de 300 ações.
Episódios como esses podem soar como fenômeno de revanchismo de uma sociedade dividida, que força a mão ao colocar o dedo na ferida, não a deixando cicatrizar. Mas, da Alemanha nazista ao Iraque de Saddam Hussein - e, quiçá, a Síria de Bashar al-Assad -, não vejo por onde curar um país, diante de tamanha tragédia, sem permanentemente se falar sobre o assunto, evitando jogar a sujeira para debaixo do tapete.
O tema da repressão argentina está presente dos bate-papos nos cafés da Recoleta às pichações de Villa Fiorito.
Não falar sobre o assunto leva à não reforma de instituições, como a doutrina das academias militares que provocam novas quarteladas de tempos em tempos. Discutir o papel das forças armadas na democracia é tema de casa de qualquer sociedade que mira a reconciliação.
A Argentina pode ter todos os problemas econômicos do mundo, que a faz estar sempre em modo crise, mas, do ponto de vista de maturidade política, dá um banho no Brasil. _
Dom Jaime Spengler começa a figurar como favorito para assumir a arquidiocese de São Paulo no lugar do gaúcho dom Odilo Scherer, que apresentou sua renúncia ao Papa. O novo cardeal sorri: "Estou muito bem em Porto Alegre".
Com leveza
Com possível indicação para uma das vagas do Tribunal de Contas da União (TCU), o conselheiro do Tribunal de Contas do Estado (TCE-RS) Cezar Miola afirma que seria muito grato, caso o seu nome figurasse entre os apontados para o cargo.
- Embora tenha exercido a advocacia privada por um breve período, minha caminhada profissional é toda no serviço público. Seria muito significativo para mim. Mas, como eu disse, tudo com leveza - afirmou Miola à coluna.
O conselheiro lembrou que tem, no currículo, 10 anos de atuação em prefeituras do Rio Grande do Sul e 33 no TCE-RS. Recentemente, integrantes do órgão iniciaram uma mobilização para consolidar o nome de Miola para o posto em Brasília.
As próximas aposentadorias do TCU, que abririam a vaga para Miola, serão dos ministros Aroldo Cedraz, em 2026, e do também gaúcho Augusto Nardes, em 2027. _
Por que ciclone Biguá?
Chamou a atenção o nome dado ao ciclone subtropical que atingiu o Rio Grande do Sul durante o fim de semana: Biguá.
Trata-se de uma referência a uma ave marinha que está mais próxima dos porto- alegrenses do que se imagina.
Costumeiramente vistas nos taludes do Arroio Dilúvio, em Porto Alegre, as aves têm penugem preta e pescoço comprido e as patas similares às de um pato. Os biguás costumam medir entre 60 e 73 centímetros e alimentam-se de peixes, crustáceos e outros invertebrados. _
Os eventos climáticos são batizados pela Marinha do Brasil, a partir de uma lista com nomes de origem tupi, que foi atualizada pela última vez em abril de 2023. O primeiro foi o Akará, uma tempestade que atingiu o Brasil em fevereiro de 2024. Em segundo, aparecia o Biguá.
A lista faz parte das Normas da Autoridade Marítima para as Atividades de Meteorologia Marítima, da Diretoria de Hidrografia e Navegação. Conforme a Marinha, ao se atingir o final da seguinte relação, uma nova lista de nomes será proposta.
Passado e presente
Em uma das paredes do DC Shopping está uma das mais emblemáticas cenas da enchente de maio: um painel com a foto da região da A. J. Renner alagada no dilúvio de 1941, que ficou coberto pela água na inundação de 2024. Em poucos lugares, passado e presente trágicos se unem de forma tão impressionante.
A fotografia original foi feita por Sioma Breitman (1903-1980), fotógrafo nascido na Ucrânia, radicado no Brasil e reconhecido como grande retratista da grande enchente de 1941. A família Renner e o Instituto Caldeira decidiram manter a mancha de sujeira deixada pelas águas de maio, que no trecho atingiu mais de 1,90 metro sobre a foto, como lembrança do desastre histórico que alcançou Porto Alegre.
Acordo para resiliência urbana
O Banco Regional de Desenvolvimento do Extremo Sul (BRDE) e o Iclei-América do Sul firmam, amanhã, uma parceria para atuar, de maneira integrada, em projetos de transição climática e na promoção de cidades resilientes e de baixo carbono.
O evento, que ocorre às 15h30min no auditório do BRDE, em Porto Alegre, representa um marco na articulação de esforços técnicos e financeiros em prol do desenvolvimento urbano sustentável.
Entre os focos da parceria da instituição financeira com a associação, está o apoio a iniciativas que integram planejamento territorial sustentável, redução de emissões de gases de efeito estufa e proteção da biodiversidade.
O Iclei já desenvolve projetos em cidades gaúchas, como recentemente a elaboração do Plano de Ação Climática da Capital.
Entre os trabalhos do BRDE, destacam-se projetos de geração de energias renováveis, agricultura de baixo carbono e financiamento para resiliência urbana. _
INFORME ESPECIAL
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