sexta-feira, 20 de dezembro de 2024


19 de Dezembro de 2024
INFORME ESPECIAL- Rodrigo Lopes

O Rio Grande do Sul não é (ainda) o Rio de Janeiro

Merece os aplausos dos gaúchos a ação do Ministério Público Estadual em parceria com o Departamento Estadual de Investigações Criminais (Deic) da Polícia Civil que puxou o fio do novelo de um esquema cuja prática aproxima o Rio Grande do Sul do Rio de Janeiro: a criminalidade institucionalizada. Ou seja, a penetração de integrantes de grupos ligados ao tráfico de drogas e armas na máquina pública.

A Operação Confraria apurou que uma facção do Vale do Sinos negociou apoio político em troca de contratos com integrantes da prefeitura de Parobé, no Vale do Paranhana. Pasmem: um membro do grupo criminoso, com cargo de comissão de alto escalão, ameaçava opositores ou quem criticasse a administração pública. Foram cumpridos 41 mandados de busca e apreensão ontem, inclusive na sede do Executivo municipal.

Felizmente, o império da lei chegou a tempo, antes que o câncer da ilicitude se espalhasse pelas entranhas da administração. Mais um esquema foi descoberto. Quantos semelhantes existirão por aí?

No RJ, o tráfico de drogas, o jogo do bicho e as milícias atuam, há anos, nas entranhas do poder, a ponto de se mimetizarem. Um depende do outro, e até a maior festa popular brasileira, o Carnaval, está maculada pela contravenção. Para a tranquilidade relativa dos gaúchos, o RS não é o Rio. Ainda. _

Dedução do IR para o Asilo Padre Cacique

O recurso irá beneficiar o projeto "Solidariedade: Essa Ideia Nunca Envelhece", que planeja arrecadar R$ 16 milhões para a manutenção da instituição por 24 meses.

O projeto é realizado por meio das doações via Fundo do Idoso, que garante a dedução do IR da próxima declaração. A porcentagem de pessoa física é de 6% do imposto devido, e de pessoa jurídica é de 1%.

Atualmente, o asilo tem uma despesa de R$ 600 mil por mês. Dessa quantia, só os gastos com folha de pagamento giram em torno de R$ 350 mil.

Para doar, é necessário acessar o site doecarinho.com.br. 

Entrevista - Jefferson Simões -Professor da UFRGS e coordenador da Expedição Internacional de Circum-navegação Costeira Antártica

"O RS tem de ser o centro da pesquisa polar brasileira"

A bordo do navio quebra-gelo Akademik Tryoshnikov, a cerca de cem quilômetros da costa do continente gelado, próximo ao sul da Austrália, o professor gaúcho Jefferson Simões, da UFRGS, conta à coluna como está a Expedição Internacional de Circum-navegação Costeira Antártica. A viagem começou no porto de Rio Grande em 22 de novembro. Já são quase 30 dias de expedição.

Nunca é tranquila, mas não atravessamos exatamente no Drake, fomos mais para leste. Viemos direto, tentando chegar às estações russa Novolazarevskaya e indiana Maitri. Foi o nosso primeiro ponto de parada: ali já deu para fazer trabalhos. O mar congelado atenua as ondas. Os últimos dias têm sido, não vou dizer agradáveis, mas mais tranquilos.

O que sabíamos é que, em ano de El Niño, a extensão do mar congelado fica muito grande. Como está chegando o verão, esperamos que esse mar congelado diminua nos próximos 15 dias, quando nos aproximaremos do Mar de Ross, ao sul da Nova Zelândia. Por enquanto, ainda estamos ao sul do Oceano Índico e marchando lentamente.

Ao sul do Oceano Índico, nos aproximando do sul da Austrália. Estamos indo direto para a maior geleira do mundo, com mais de 400 quilômetros de extensão.

Até agora, descemos uma vez. Visitei as estações russa e indiana, que chamamos de oásis porque é um lugar de rocha, pequeno, imagina 16 quilômetros por cinco no meio do gelo. O pessoal que ia fazer os trabalhos em alguns lagos e solos congelados desceu, mas a maioria, não. Isso cansa, o pessoal está louco para baixar, como dizemos, porque são agora três semanas de mar. O navio tem o potencial de entrar no gelo, mas aí a velocidade se reduz muito e come muito óleo. Então, estamos tentando evitar o máximo para chegar à estação, aí sim nós poderemos penetrar o gelo.

Esse é o problema principal. Tenho de lidar com essa divisão de tarefas. Como estamos no mar, o pessoal da oceanografia tem aproveitado muito. O da meteorologia lança seus balões (meteorológicos) de tempos em tempos. Esses projetos estão indo adiante, mas mesmo eles necessitam programação, horário, discussão com o capitão do navio. E sempre pode rolar um estresse e eu, como coordenador, preciso gerenciar.

Estamos com 57 pesquisadores de sete países. Tornou-se uma missão praticamente dos Brics, mais os convidados de Argentina, Peru e Chile. Mas são os grandes dos Brics (Brasil, China, Índia, Rússia e África do Sul) que têm esse interesse em comum nessa circum-navegação.

Para nós, brasileiros, vai ser muito importante quando chegarmos no Mar de Amitz, onde surgem as frentes frias que dão origem aos ciclones extratropicais aí no extremo sul do Atlântico. Esse é o interesse que nós, gaúchos, temos. Nessa latitude, o que vemos é retração de geleiras. Mas não é tão intenso como veremos ao chegarmos na Península Antártica, mais perto da Estação Antártica Comandante Ferraz. As modificações são muito mais rápidas, e o sinal é mais claro das alterações climáticas.

Estou apostando ao chegarmos na frente desse enorme paredão, que é uma coisa espetacular. Nunca estive lá. Imagina um paredão de 50 metros acima do nível do mar e mais uns 300 para baixo.

Estou levando uma vida de marinheiro, com uma equipe internacional. Então, tu tens de lidar com línguas e culturas diferentes, evitar alguns assuntos... Mas todo mundo está tranquilo, dedicado à ciência. A intenção é aumentar essa cooperação com os institutos Ártico-Antártico de Rússia, China e Índia. É o que eu defendo: o Rio Grande do Sul tem de ser o centro da pesquisa polar brasileira. Não só pela proximidade geográfica da Antártica, mas também pelo que já formamos de pessoal especializado. Também devido a nossa sensibilidade às variações climáticas. Esse é um ponto que tenho insistido: o próprio desastre de maio está relacionado a processos antárticos.

INFORME ESPECIAL

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