quarta-feira, 11 de dezembro de 2024


11 de Dezembro de 2024
MÁRIO CORSO

Quanto dura um minutinho? Para quem está chegando agora no planeta, trago informações sobre a relatividade do tempo. Quando te pedem um minutinho, ele dura cinco minutos do tempo contado pelo relógio.

Na mesma lógica, cinco minutos levam 15 minutos. Dez minutos tornam-se 25 minutos. Uma hora de espera dura, na verdade, duas horas. Um trabalho planejado para uma semana leva duas semanas. Quinze dias de prazo, na prática, equivalem a um mês.

Cuidado com o diminutivo. Meia hora leva quase uma hora. Meia horinha é certamente mais de uma hora. Não se trata da matemática comum. Usa-se a matemática aproximativa aleatória exponencial. Por exemplo: uma reforma de dois meses pode levar três, quatro, cinco, ou até nove meses.

Quando um técnico diz: amanhã passaremos aí, de certa forma está correto. Só não sabemos o amanhã referente a qual dia, no período médio dos próximos 10 dias.

No caso de reuniões, seja de qualquer espécie, o primeiro ponto de pauta usa mais da metade do tempo. Gastamos este momento inicial como se fôssemos milionários da moeda tempo. Os presentes contam piadas, detém-se em pormenores, repetem argumentos. O segundo ponto da pauta é levemente mais sóbrio. Nos últimos 15 minutos, que é o que sobrou para os seguintes pontos da pauta, os assuntos são tratados com ultra objetividade e sem discussão.

Apesar do tempo planejado não bater com a realidade desde a construção da arca de Noé, nós seguimos usando o otimismo delirante do prazo curto, do tempo elástico.

Ninguém gosta do tempo, mesmo ele sendo substância de tudo que existe. Estamos eternamente de mal com ele. Afinal, é ele que nos envelhece, que esculpe para pior nosso corpo dia após dia, que contabiliza nosso prazo neste mundo.

Em uma brincadeira irônica, o escritor Douglas Hofstadter criou a lei que leva seu nome. Ela nos alerta para o fato dos prazos. "É sempre necessário mais tempo que o previsto, mesmo quando se leva em conta a lei de Hofstadter."

Ou seja, se calcularmos um prazo e levarmos em conta sua lei - que diz que tudo leva mais tempo -, e então acrescentarmos este prazo extra, mesmo assim levará mais tempo que o previsto. Não há saída para nosso divórcio com o tempo. 

MÁRIO CORSO

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