sexta-feira, 27 de dezembro de 2024



27 de Dezembro de 2024
OPINIAO DA RBS

Infiltração e cooptação

São cada vez mais abundantes os sinais de que facções criminosas estão buscando interferir em eleições e se infiltrar no poder público para assegurar influência e vantagens para lavar dinheiro oriundo de suas atividades ilícitas. Ainda que o caso deva ser tratado com a devida cautela, a Operação Confraria, deflagrada em Parobé na semana passada pelo Ministério Público e pela Polícia Civil, com mandados de busca cumpridos na prefeitura e na própria casa do prefeito, traz suspeitas seriíssimas de relações promíscuas entre agentes políticos e a delinquência organizada. Impedir esse tipo de cooptação é um desafio a mais no combate a essas megaquadrilhas.

O mais grave é que tudo indica não se tratar de um caso isolado. Em entrevista ao Gaúcha Atualidade, da Rádio Gaúcha, no último dia 18 deste mês o procurador-geral do Ministério Público (MP) do Rio Grande do Sul, Alexandre Saltz, confirmou ser uma situação recorrente. Referiu ainda a procura das facções para se imiscuir no processo eleitoral. Em relação a administrações públicas, mencionou um crescimento da participação desses grupos criminosos em contratos com municípios.

O caso mais perturbador a demonstrar o grau de infiltração de quadrilhas nos serviços públicos é o do transporte urbano na cidade de São Paulo. No início do ano, descobriu-se que duas grandes empresas de ônibus, que juntas operam mais de 1,3 mil veículos, na verdade pertenciam ao PCC, maior facção do país. Na semana passada, a PF e o MP de São Paulo prenderam quatro policiais civis, um deles delegado, por ligação com esse mesmo grupo.

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