21
de julho de 2014 | N° 17866
ARTIGO
- GERMANO RIGOTTO*
CONTRADIÇÕES EXPOSTAS
Começou
a campanha eleitoral. É tempo de deixar que a política tome o palco. Até outubro,
todos os brasileiros podem refletir sobre o voto, um exercício individual
valioso – que não pode ser delegado, que não pode ser refutado, que não pode
ser descompromissado.
A
candidatura ou a filiação partidária são formas valiosas de participação, mas não
as únicas. E participar não significa legitimar tudo o que está aí ou
reproduzir padrões. Pelo contrário: a consciência política mais valiosa é aquela
que se dá com crítica, sem subjugação ou dependência. Envolver-se no assunto,
mesmo que de leve, é necessário para um processo de qualificação. E isso não
depende dos políticos, mas dos cidadãos.
Precisamos
realizar as reformas de que o país necessita. Tal anseio deve vir de baixo – da
opinião pública rumo às instituições. Caso contrário, seguiremos navegando nos
mares conformistas do mero governismo ou do mero oposicionismo. Ou então do
fisiologismo, do carguismo e dos muitos “ismos” que obscurecem nossa política.
Salvo
exceções, os arranjos partidários mostraram a essência do nosso caótico sistema
político. Bem diferente do que pediu o povo nas ruas, certas burocracias
continuam muito distantes de uma representação adequada da sociedade. Grande
parte das decisões ocorreu nas cúpulas, distante dos verdadeiros desejos das
bases. A coerência dos partidos de Norte a Sul, se já não existia no plano
programático e ideológico, tampouco resistiu ao plano eleitoral.
O
sistema que está aí joga contra a evolução da política, e isso precisa ser
discutido inclusive durante a campanha. Chegou a hora de desenvolver uma
legislação que aproxime o eleitor do eleito, que diminua o número de partidos e
os torne mais democráticos. Enfim, há um sem-número de reformas a fazer para
colocar a política e o desenvolvimento do país em outro patamar.
Mas
isso só será possível com participação, jamais com omissão. Política é com cada
um de nós, sim! Façamos da eleição, portanto, um tempo de otimismo. Otimismo crítico,
em que impere a vontade de construir um Brasil melhor. As contradições expostas
só reforçam o quanto devemos tocar essa mudança. Precisamos unir forças para
qualificar a política, sem mais esperar.
*EX-GOVERNADOR
DO ESTADO
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