quarta-feira, 16 de julho de 2014

MARTHA MEDEIROS
16 de julho de 2014 | N° 17861

  POP UP

Pop up é um conceito que é a cara dos tempos de hoje, em que tudo precisa ser rápido, objetivo, focado. É o caso das food trucks, pequenas caminhonetes estacionadas em pontos estratégicos da cidade por um tempo limitado e que oferecem refeições ligeiras e de qualidade – uma diversificação gabaritada das carrocinhas de cachorro-quente e dos trailers de xis-tudo. 

Em Nova York e São Paulo, a moda já pegou; em Porto Alegre, está começando. Sob a chancela dos guris dos Destemperados, que vêm divulgando a comida de rua como uma bem-vinda experiência gastronômica que acontece em bairros variados, consegui, por fim, conferir.

Na última sexta-feira, o almoço foi na Praça Japão, preparado pelo pessoal do restaurante Barbanegra: entrecot com batatas a 15 pilas, ao ar livre, num dos recantos mais charmosos da capital. Para potencializar o evento, que contou com céu aberto e temperatura amena, eu e algumas amigas resolvemos transformar o programa em piquenique, com direito a toalha xadrez sobre a grama e vinho branco trazido de casa – que eu não bebi porque tinha de trabalhar à tarde, juro.

Tá, dei só três golinhos. E estava a pé, seu guarda.

Outros eventos como esse pipocarão (pop up!) pela cidade, ainda mais quando chegar a primavera. Receba-os como um convite para quebrar a monotonia dos dias, sair da rotina, conhecer gente nova. Aquilo tudo que você coloca na lista de resoluções de fim de ano e nunca cumpre.

Se eu não precisasse ficar tanto tempo dentro de casa trabalhando (e estou em vantagem se comparada a quem passa esse mesmo tempo dentro de um escritório, já que em casa não preciso participar de reuniões e cumprir horário fixo), desfrutaria muito mais da cidade. A cidade! Eis um conceito que também vem se atualizando.

Muitos pensam que cidades são aqueles lugares que a gente visita quando está de férias – Rio, Buenos Aires, Paris. Anotamos as dicas que saem nas revistas e, lá chegando, viramos exploradores de seus parques, bistrôs, galerias, extraindo sensações espetaculares de cada rua, de cada monumento, de cada novidade que se apresenta. Como seria morar lá? Suspiros.

Pense: por que nossa própria cidade não pode ser a cidade dos nossos sonhos? Vamos esperar outra Copa para nos sentirmos incluídos no mapa-múndi? Porto Alegre cresceu e se expandiu. Hoje abraça todas as tribos, possui atrativos para todos os gêneros, idades e sexos. O metrô ainda vai demorar uns 100 anos, a revitalização do cais um pouco menos, talvez uns 50, mas releve-se, não há mais justificativa para o complexo de provincianos que até tempo atrás ainda cultivávamos. Viramos cidade grande.

(Será que tomei mais de três goles na Praça Japão?)


Porto Alegre não é demais, como diz a música, mas é suficiente. Que este seja um dos legados da Copa: o olhar estrangeiro sobre nós mesmos, provando e aprovando-nos como se fôssemos Rio, Buenos Aires, Paris – só que aqui.

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