13 de julho de 2014 | N° 17858
VERISSIMO NA COPA
FOI
PENA
Esdrúxulo é a palavra mais esdrúxula da língua
portuguesa. Uma coisa é esdrúxula quando é tão estranha, incomum, incompreensível
enfim, esdrúxula que nenhum outro adjetivo a descreve.
Se esdrúxulo fosse um vegetal, seria uma espécie de cacto
espinhento. Se fosse um bicho, seria uma cruza de bode com arraia. Ou seja: o
que é esdrúxulo está tão longe da normalidade que é como se existisse em outro
mundo, em outra categoria de coisas e acontecimentos. É tão diferente que, se
você dá com algo esdrúxulo em sua vida, jamais esquece.
Alemanha 7, Brasil 1, por exemplo. Nunca houve um resultado
tão esdrúxulo na história das Copas. E nós jamais o esqueceremos. O que é uma
pena, porque, fora o esdrúxulo, foi uma ótima Copa. Quase tudo deu certo, com
exceções lamentáveis mas poucas. Houve paz, e se não contarmos alguns egos,
algumas reputações e o Neymar, não houve vítimas mais sérias. Mas sempre que
pensarmos nesta Copa pensaremos no 7 a
1. O esdrúxulo não irá embora.
Se instalará em nossas vidas como um hóspede incômodo, um
cunhado que não se flagra, um gato jogado longe que sempre volta, um vizinho
que toca tuba, a memória de um grande amor frustrado. E a passagem do tempo não
ajudará. Gerações ainda por vir não saberão quem ganhou neste domingo e foi
campeão, mas saberão do esdrúxulo.
– 2014, 2014...
– A Copa dos 7 a
1.
– Ah, claro!
Pena. Foi uma Copa de boa organização e bom futebol, com
algumas surpresas, como a da Costa Rica e da Colômbia, que não chegaram a ser
esdrúxulas. A dentada do Suárez foi um fato insólito, mas foi uma manifestação
da fome de vencer, ou de uma obsessão privada.
Nada de esdrúxula. Já o 7
a 1 não representou algo lógico, patológico ou mensurável.
A Alemanha não era sete vezes melhor do que o Brasil. O futebol do Brasil não
se esfarelou em 6 minutos. Foi tudo esdrúxulo. Muito esdrúxulo.
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