18 de julho de 2014 | N°
17863
EDITORIAL ZH
O BRASIL REDESCOBERTO
Governos e empresas são
instigados a potencializar os atrativos turísticos do país depois do
encantamento manifestado pelos estrangeiros.
A contabilidade dos benefícios da
Copa acrescenta novas informações, com ganhos econômicos e sociais, ao que já
foi apurado até agora. Desta vez, evidencia-se a constatação de que o Brasil
foi redescoberto com entusiasmo pelos turistas estrangeiros, muitos dos quais
aqui estiveram mais para desfrutar do país do que para assistir aos jogos.
Artigo do jornal espanhol El País
chama a atenção para o fato de que recebemos cerca de 1 milhão de estrangeiros
de 203 países diferentes, reconhecendo que a satisfação manifestada pelos
visitantes sinaliza para a potencialização de nossos atrativos. Muitos deles
decidiram continuar percorrendo o Brasil, depois do Mundial. Indicativos
amplamente favoráveis são oferecidos por dois dos muitos números positivos
apurados pelas pesquisas: 83% dos visitantes disseram que suas expectativas
foram totalmente atendidas, e 95% dos ouvidos manifestaram a intenção de um dia
regressar.
É mais uma contribuição decisiva
da Copa para que o Brasil volte a ser visto como roteiro preferencial, depois
de um período de estigmatização, provocado pelas notícias sobre a violência urbana
no Rio, a precariedade dos aeroportos e o descaso do setor público com
políticas de fortalecimento do turismo.
Tanto que recebemos 6 milhões de
turistas por ano, um número inexpressivo na comparação com os 78 milhões que
visitam a França ou os 53 milhões que procuram a Espanha. O turismo participa
com 3,5% do Produto Interno Bruto nacional e coloca o Brasil na sexta posição
entre as maiores economias mundiais do setor, quando o movimento com viagens,
acomodação, alimentação e outros itens é medido em cifras.
Essa é uma área que vem merecendo
pesados investimentos internacionais, por conta do aumento dos gastos
provocados pela maior longevidade e pela melhoria de renda e qualidade de vida
da população em muitos países emergentes. O Brasil, com recursos naturais
raros, já perdeu outras oportunidades e não pode desperdiçar as vantagens
proporcionadas pela Copa. Isso significa também que as causas de algumas
atitudes condenáveis, presentes nas entrevistas com as opiniões dos
estrangeiros, precisam ser bem identificadas.
É lamentável que, apesar da
empatia entre brasileiros e visitantes, alguns setores tenham cometido abuso de
preços, como os já citados ramos hoteleiro e da alimentação, além das empresas
de aviação. Tolerar a ação dos oportunistas é ser cúmplice dos que conspiraram
contra a intenção da maioria de estabelecer relações francas e duradouras com
os turistas.
O fortalecimento dos vínculos que
o Mundial estabeleceu passa a ser um desafio a todas as instituições, públicas
e privadas, ligadas ao turismo. A população, cuja hospitalidade foi exaltada
pelos estrangeiros como o que o país tem de melhor, já fez a sua parte.
Nenhum comentário:
Postar um comentário