sexta-feira, 18 de julho de 2014


18 de julho de 2014 | N° 17863
EDITORIAL ZH

O BRASIL REDESCOBERTO

Governos e empresas são instigados a potencializar os atrativos turísticos do país depois do encantamento manifestado pelos estrangeiros.

A contabilidade dos benefícios da Copa acrescenta novas informações, com ganhos econômicos e sociais, ao que já foi apurado até agora. Desta vez, evidencia-se a constatação de que o Brasil foi redescoberto com entusiasmo pelos turistas estrangeiros, muitos dos quais aqui estiveram mais para desfrutar do país do que para assistir aos jogos.

Artigo do jornal espanhol El País chama a atenção para o fato de que recebemos cerca de 1 milhão de estrangeiros de 203 países diferentes, reconhecendo que a satisfação manifestada pelos visitantes sinaliza para a potencialização de nossos atrativos. Muitos deles decidiram continuar percorrendo o Brasil, depois do Mundial. Indicativos amplamente favoráveis são oferecidos por dois dos muitos números positivos apurados pelas pesquisas: 83% dos visitantes disseram que suas expectativas foram totalmente atendidas, e 95% dos ouvidos manifestaram a intenção de um dia regressar.

É mais uma contribuição decisiva da Copa para que o Brasil volte a ser visto como roteiro preferencial, depois de um período de estigmatização, provocado pelas notícias sobre a violência urbana no Rio, a precariedade dos aeroportos e o descaso do setor público com políticas de fortalecimento do turismo.

Tanto que recebemos 6 milhões de turistas por ano, um número inexpressivo na comparação com os 78 milhões que visitam a França ou os 53 milhões que procuram a Espanha. O turismo participa com 3,5% do Produto Interno Bruto nacional e coloca o Brasil na sexta posição entre as maiores economias mundiais do setor, quando o movimento com viagens, acomodação, alimentação e outros itens é medido em cifras.

Essa é uma área que vem merecendo pesados investimentos internacionais, por conta do aumento dos gastos provocados pela maior longevidade e pela melhoria de renda e qualidade de vida da população em muitos países emergentes. O Brasil, com recursos naturais raros, já perdeu outras oportunidades e não pode desperdiçar as vantagens proporcionadas pela Copa. Isso significa também que as causas de algumas atitudes condenáveis, presentes nas entrevistas com as opiniões dos estrangeiros, precisam ser bem identificadas.

É lamentável que, apesar da empatia entre brasileiros e visitantes, alguns setores tenham cometido abuso de preços, como os já citados ramos hoteleiro e da alimentação, além das empresas de aviação. Tolerar a ação dos oportunistas é ser cúmplice dos que conspiraram contra a intenção da maioria de estabelecer relações francas e duradouras com os turistas.


O fortalecimento dos vínculos que o Mundial estabeleceu passa a ser um desafio a todas as instituições, públicas e privadas, ligadas ao turismo. A população, cuja hospitalidade foi exaltada pelos estrangeiros como o que o país tem de melhor, já fez a sua parte.

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