10
de julho de 2014 | N° 17855
VERISSIMO
NA COPA
OS SEIS
MINUTOS
Aprimeira coisa a fazer, já que o Thiago Silva não
poderia jogar, era apresentar o David Luiz ao Dante. Os dois conversariam,
talvez num jantarzinho, trocariam confidências e fotos das crianças, e
combinariam como jogar contra os alemães. Aparentemente, isto não aconteceu.
Quando David Luiz e Dante finalmente se conheceram, se apertaram as mãos
(“Muito prazer” “Muito prazer” “Precisamos nos encontrar!”) já estava 5 a 0 para a Alemanha.
Outra
coisa: houve uma confusão nas convocações. O Felipão chamou o Fred do ano
passado, um dos melhores jogadores da Copa das Confederações, e quem apareceu
foi o Fred deste ano, claramente um impostor. Ninguém se lembrou de checar sua
documentação. E o Felipão não poderia saber que tinha convocado o Fred errado.
Outro
azar: a partida ter terminado em 7 a
1. Até os 7 a 1 foi
um desastre, um vexame, um escândalo – tudo que saiu nos jornais. Mas ainda
estava dentro dos limites do concebível. Era cruel, era difícil de engolir, mas
era um escore até com precedentes, inclusive na história das Copas.
Mas
se os alemães tivessem feito mais três gols, apenas mais três, entraríamos no
terreno do fantástico, do inimaginável, da galhofa cósmica. A única reação
possível a um 10 x 1 seria uma grande gargalhada, que nos salvaria do desespero
terminal. Nada mais teria sentido no mundo, portanto nada mais nos afligiria e
todos estariam perdoados, inclusive o Felipão e a CBF, absolvidos pelo
ridículo. Mas não tivemos nem a bênção de perder de 10.
Proponho
o seguinte consolo: vamos descontar aqueles seis minutos em que o alemães
fizeram quatro gols como uma invasão do sobrenatural. Uma espécie de catatonia
coletiva, de origem desconhecida, que paralisou nosso time. Os quatro gols
marcados durante os seis minutos de inconsciência só de um lado, portanto, não
valeram. O escore real, livre de qualquer intervenção extrafutebol, foi 3 x1.
Um escore respeitável, com o qual todos poderemos viver.
FINAL
E
Argentina e Alemanha farão a grande final, no domingo. Todos torcendo pela
América contra a Europa, nossos irmãos continentais contra os nossos algozes,
nossos co-colonizados contra os senhores do mundo etc. A esta altura só nos
resta a hipocrisia.
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