16 de julho de 2014 | N°
17861
FÁBIO PRIKLADNICKI
NÓS, QUE QUEREMOS A PAZ
Na última sexta-feira, estudantes
judeus foram chamados de “assassinos de Jesus” por manifestantes em favor da
causa palestina, em Boston. No sábado, outros foram ofendidos em um protesto em
Frankfurt. No domingo, centenas ficaram presos em uma sinagoga em Paris,
cercados por ativistas.
Isso sem contar as trocas de
ofensas nas redes sociais. É sempre a mesma história: quando há um
recrudescimento da tensão entre Israel e os palestinos, o antissemitismo volta
a mostrar sua cara. Mas difundir o ódio em escala global é a maneira menos
eficaz de solucionar um conflito que já dura décadas.
O debate deve ser sensato. Têm
razão os que condenam o exército de Israel por ter matado mais de 180
palestinos e ferido mais de 1,2 mil na Faixa de Gaza. Têm razão, também, os que
criticam o Hamas e seus aliados por terem lançado mais de 900 foguetes em
território israelense, que apenas não causaram mortes por causa da tecnologia
antimíssil do país. Procurar um único culpado – Israel ou o Hamas – é tarefa de
quem não está efetivamente comprometido com a paz.
Para chegar à solução de dois
Estados – que parece ser o melhor desfecho –, ambos terão de ceder. Israel
precisará interromper os assentamentos na Cisjordânia (já havia se retirado da
Faixa de Gaza em 2005), permitindo autonomia aos palestinos. Estes terão de
criar um governo de coalizão que reconheça o direito de existência do Estado de
Israel. Haverá, claro, questões complexas: Jerusalém, o retorno de palestinos
etc. Seja lá qual for o encaminhamento, é fundamental que se dispense o
discurso do ódio pelo mundo.
Nenhum comentário:
Postar um comentário