30
de julho de 2014 | N° 17875
ARTIGO
- ROBERTO FREDA*
COMPETÊNCIA NA GESTÃO PÚBLICA
Palhaços
são engraçados. Fazem rir. Transitam e habitam no lúdico mundo infantil. Seria
no mínimo fora de contexto imaginá-los postulando um cargo público. Mas, por
favor, sem preconceito. Afinal, quem tem competência que se habilite.
E
aqui, justamente, é que temos uma questão interessante. Quem de nós iria entrar
em um avião cujo piloto não tivesse feito todos os cursos preparatórios e
tivesse sido adequadamente avaliado por examinadores igualmente qualificados?
Quem iria a um médico que não tivesse sequer passado pela porta de uma
universidade?
Quem entraria em um escritório de advocacia sem ter certeza de
que o advogado conhece o tema das leis e seus meandros? Quem contrataria um
engenheiro sem a mínima formação universitária para comandar a execução de uma
obra civil de alta complexidade? Todas essas ocupações necessitam de formação
profunda e extensa, para se desempenhar, legalmente, a atividade profissional.
Portanto,
cabe a pergunta: qual a formação técnica formal que se exige de um postulante a
ocupar um cargo público? Por que razão outras atividades seriam diferentes do
gestor público? Como querer que alguém que não tem a mínima noção
administrativa seja vereador? O que podemos, de fato, esperar? Gerir quantias
astronômicas de dinheiro, fazer leis que impactam diretamente o cidadão comum,
definir os rumos de cidades, Estados e do país inteiro, não exigiria um preparo
técnico formal mínimo?
E
que mecanismos seriam empregados para qualificá-los? Não há mais espaço para
leniência, passividade e resignação. Da maneira como estão as coisas, qualquer
excêntrico despreparado, semialfabetizado e que se apresente como um bufão
histriônico durante o horário eleitoral pode ser eleito para alguma função pública
executiva ou legislativa.
Sem
qualificação e desconhecendo o métier, prestará um desserviço enorme a
significativa parcela da sociedade. Esse servidor público é intolerável. O
cidadão brasileiro não o merece. Ele não faz bem algum. Não melhora a vida da
coletividade. Contudo, indivíduos assim continuam sendo eleitos Brasil afora.
E,
nisso, não há graça alguma.
*MÉDICO
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