sexta-feira, 11 de julho de 2014


11 de julho de 2014 | N° 17856
VERISSIMO NA COPA

VERISSIMO NA COPA INJUSTIÇA

Argentina e Holanda não foi uma semifinal adequada para uma Copa como esta. Brasil e Alemanha muito menos, claro, mas esta tem a desculpa da sua própria bizarrice. Nunca se viu e nunca mais se verá nada parecido com Alemanha 7, Brasil 1. Foi um jogo sem antecedentes e sem consequências, salvo espera-se a queda dos responsáveis pelo vexame.

Nenhuma tese, nenhuma explicação lógica ou metafísica advirá de Alemanha 7, Brasil 1. No futuro, quando mentes mais frescas (no bom sentido) do que as nossas tentarem racionalizar o que houve, só conseguirão repetir nossa perplexidade, e assim será por todos os tempos. Alemanha 7, Brasil l, não foi um jogo de futebol. Parafraseando o que o Stephen Dedalus do James Joyce disse da História, é um pesadelo do qual estamos tentando acordar. Em vão.

Já Argentina e Holanda foi um jogo normal, mas ruim. De muitas maneiras, uma negação do que se viu nesta Copa, que teve vários escores apertados ou escores em branco, mas não foi exatamente uma Copa defensiva. E Argentina e Holanda replicaram, nos seus avanços e recuos no meio do campo que raramente chegavam à grande área inimiga, as trincheiras da Primeira Guerra Mundial, onde milhares morriam sem que se conquistasse um metro de terreno.

E mais. No fim de uma Copa em que os goleiros brilharam, os goleiros da Argentina e da Holanda não tiveram nenhum trabalho e só apareceram na cobrança dos pênaltis. Que, como se sabe, é quando o futebol fica reduzido aos seus rudimentos mais toscos, e uma simples escolha errada do lado para o qual o goleiro se atira pode decidir um jogo ou um campeonato. Já se disse que a decisão por pênaltis é igual à decisão por cara ou coroa, só leva mais tempo.


Finalmente, numa Copa caracterizada por grandes atuações individuais, os dois melhores indivíduos em campo no jogo Argentina e Holanda, Messi e Robben, não puderam jogar. Também se restringiram à guerra de trincheiras no meio campo. Robben ainda tentou entrar na área adversária mais do que o Messi, mas o tal duelo de craques não aconteceu. Outra injustiça feita a uma boa Copa do Mundo, que não merecia isso.

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